<p>RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Consórcio formado pela Ecorodovias e pela empresa de logística GLP venceu nesta quinta (29) leilão do governo para a concessão de trecho da rodovia BR-153 entre Tocantins e Goiás. O consórcio se comprometeu a pagar R$ 320 milhões em bônus de outorga.

</p><p>Além disso, as empresas terão que aportar R$ 960 milhões em uma conta vinculada à concessão, uma das inovações do novo modelo de concessões elaborado pelo governo federal para tentar evitar o risco de paralisação das obras por problemas financeiros do concessionário.

</p><p>Segundo o Ministério de Infraestrutura, os recursos da conta podem antecipar obras de duplicação da via, que é parte da rodovia conhecida como Belém-Brasília, no estado do Tocantins.

</p><p>O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, disse após o leilão que o resultado é uma amostra de confiança dos investidores no país. "Nada mal para um país que é tão questionado", comentou.

</p><p>O trecho licitado nesta quinta tem 850,7 quilômetros que ligam Aliança do Tocantins (TO) a Anápolis (GO) e já havia sido concedido em 2014, mas devolvido ao governo em 2017 após extinção do contrato por descumprimento de obrigações do antigo concessionário.

</p><p>O projeto prevê investimentos de R$ 7,8 bilhões na duplicação de 623,3 quilômetros e outras obras de melhoria. Outros R$ 6,2 bilhões devem ser investidos ao longo dos 35 anos de concessão na prestação de serviços aos usuários.

</p><p>O consórcio liderado pela Ecorodovias disputou o leilão com a CCR. Nessa nova fase de leilões, o sistema de oferta é híbrido e, primeiro, a disputa se deu pela menor tarifa de pedágio, até um deságio máximo de 16,25%. As duas ofereceram a tarifa mínima, de R$ 10,218 para cada 100 quilômetros de pista simples.

</p><p>Assim, a disputa passou a ser pelo maior bônus de outorga. A CCR ofereceu R$ 117 milhões e, como a diferença entre as propostas foi superior a 10%, não houve disputa em viva-voz.

</p><p>A diferenciação do valor do pedágio entre trechos de pista simples e dos trechos de pista dupla, mais caros, é uma das inovações do novo modelo de leilões do governo. O objetivo é incentivar o concessionário a acelerar as obras em duplicação de todo a concessão.

</p><p>O modelo introduz também um desconto para usuários frequentes, para evitar que moradores da região paguem o mesmo pedágio que viajantes esporádicos. A cada viagem, o motorista pagará um pouco a menos, até atingir um valor mínimo na trigésima passagem pelos pedágios no mesmo mês.

</p><p>O diretor-executivo da Ecorodovias Nicolò Caffo, elogiou as mudanças feitas pelo governo no contrato. "Um contrato claro é uma grande força. Por isso, conseguimos vencer o leilão com uma oferta que é boa para a Ecorodovias, boa para a concessão e boa para o governo brasileiro."

</p><p>Em entrevista após o leilão, a empresa disse que tem interesse nas próximas concessões de rodovias previstas pelo governo, que espera atrair maior concorrência após a implantação desse novo modelo de concessões.

</p><p>Em julho, o governo oferecerá a BR-163, que liga o Mato Grosso ao Pará e é hoje a principal rota de escoamento da safra de grãos do Centro-Oeste para os portos da região Norte. Esse leilão, porém, ainda seguirá o modelo antigo, de disputa pelo menor pedágio, já que as obras foram feitas com dinheiro público.

</p><p>No terceiro trimestre, o Ministério da Infraestrutura quer leiloar a Novadutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, considerada a joia da coroa das concessões rodoviárias no país pelo elevado volume de tráfego.

</p><p>Ainda estão programados para 2021 leilões de trechos BR-381 entre Minas Gerais e Espírito Santo, da BR-116 entre Rio e Minas Gerais e de um lote de seis rodovias federais no Paraná.

</p><p>Durante o leilão desta quinta, o ministro da Infraestrutura anunciou assinatura de portaria para a criação do programa Inova BR, que prevê investimentos para modernizar as rodovias brasileiras, com a implantação de melhorias como paradas de descanso de caminhoneiros e áreas de escape para evitar acidentes fatais.

</p><p>No longo prazo, um dos objetivos do programa é implantar no país sistema conhecido como "free flow" (ou fluxo livre), no qual a cobrança de pedágio é feita por quilômetro rodado e calculada com o uso de TAGs, sem a necessidade de praças de pedágio.

</p><p>Para incentivar a popularização do uso de TAGs, as concessões de rodovias a partir da BR-153 já dão desconto de 5% na tarifa para usuários que optarem pelo sistema eletrônico de cobrança.

</p><p>As concessões de infraestrutura estão entre as prioridades do governo Jair Bolsonaro, em um esforço para entregar projetos que gerem emprego e ajudem a economia a se reerguer dos danos causados pela pandemia.

</p><p>Desde o início do governo, o Ministério da Infraestrutura concedeu 69 ativos, com a arrecadação de R$ 17 bilhões em bônus de outorga e a garantia de R$ 57 bilhões em investimentos privados. A previsão é que sejam gerados 800 mil empregos diretos e indiretos ao longo dos contratos.</p>