BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - Um dos pioneiros no setor de healthtech brasileiro, o dr.consulta está ampliando sua área de atuação com a entrada no segmento de planos de saúde. Nesta quinta-feira (16), a empresa anunciou a compra de parte da cuidar.me, startup especializada em planos de baixo custo.

O investimento inicial, cujo valor não foi revelado, representa uma aquisição de 27,5% da companhia. As empresas também firmaram um acordo que dá ao dr.consulta a opção de assumir a totalidade das ações em até 18 meses --operação que precisaria ser aprovada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Hoje, o dr.consulta atua principalmente no atendimento primário e secundário, com 35 centros médicos localizados nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Com a compra da startup, a empresa passa a oferecer uma cobertura mais ampla, incluindo atendimento hospitalar.

"O beneficiário paga a mensalidade e tem acesso a todos os serviços do dr.consulta e à rede credenciada pela cuidar.me", explica Thomaz Srougi, fundador e presidente executivo do conselho de administração do dr.consulta.

Inicialmente, os planos oferecidos pelas empresas estarão disponíveis apenas na capital e região metropolitana de São Paulo. A expectativa é fechar o primeiro ano com 12 mil clientes.

Renato Velloso, diretor-executivo do dr.consulta, diz que a união das healthtechs vai criar o primeiro plano de saúde semiverticalizado do Brasil --ou seja, com uma parte da estrutura controlada pela própria companhia e outra não.

"Toda atenção primária e secundária está dentro do dr.consulta. O hospital a gente faz o encaminhamento, mas não perdemos essa coordenação porque eles são integrados", afirma.

Outro ponto destacado por Velloso é o preço. Segundo ele, os planos serão oferecidos a partir de R$ 169, mensalidade 30% mais barata que a da concorrência, diz o executivo.

Marcus Vinícius Gimenes, fundador e diretor-executivo da cuidar.me, conta que entrou no mercado de healthtechs com o objetivo de ampliar o acesso à saúde. Como o modelo do dr.consulta atuava na lacuna de exames e atendimentos, ele pensou num produto exclusivamente hospitalar, mas que desse cobertura a prontos-socorros, cirurgias e internações.

"Em determinado momento da jornada, passou a fazer muito sentido conversar com o dr.consulta, porque nós somos complementares", afirma.

É o que também pensa Velloso. Segundo ele, a cuidar.me já havia passado por uma fase de investimento semente e estava buscando novos recursos para desenvolver a parte de aplicações, tecnologia e vendas.

Lucratividade motivou investimento Com mais de 3 milhões de pessoas atendidas em seu ecossistema de saúde física e digital, o dr.consulta encerrou 2020 com uma receita líquida de R$ 261 milhões e margem Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 3%.

Segundo Thomaz Srougi, a garantia de que o modelo de negócio é lucrativo foi um dos motivos que levou a companhia a adquirir parte da startup.

"Isso nos deu a tranquilidade para dar um passo além. O segundo motivo é que [isso é o que] as pessoas querem. Todos que usavam o dr.consulta pediam um atendimento completo, não só o ambulatorial, mas também o hospitalar", afirma.

Na visão dele, outro diferencial da união com a cuidar.me é poder apresentar os planos para os 4,5 milhões de cadastros que o dr.consulta tem. "Nenhum outro plano de saúde no Brasil tem uma base interna de pacientes onde possa oferecer os novos produtos", diz.