BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta quarta-feira (15) respeitar a decisão do ex-governador Geraldo Alckmin de deixar o partido, mas ressaltou que, como adversário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022, estaria em campo oposto ao do ex-tucano.

Doria sinalizou ainda para uma eventual contradição caso Alckmin decida ser vice do petista.

O governador de São Paulo esteve no STF (Supremo Tribunal Federal) para conversar com o presidente da corte, Luiz Fux, e com o ministro Luís Roberto Barroso sobre a exigência de passaporte da vacina a brasileiros ou estrangeiros que deixarem o país desta quarta em diante.

O Supremo formou maioria para estabelecer que os residentes do Brasil que deixarem o país poderão retornar se comprovarem que tomaram o imunizante contra a Covid-19 ou se fizeram quarentena de cinco dias e apresentarem teste negativo.

Doria comentou a desfiliação do ex-governador de São Paulo do PSDB, disse respeitar a decisão e desejou ao ex-colega de partido felicidade "em seu novo destino e em sua nova trajetória, tanto na vida política quanto na vida pessoal."

A mudança do ex-governador de São Paulo tem relação com seus planos eleitorais para 2022, que não poderiam ser viabilizados no PSDB.

"A partir do momento em que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin tomou a decisão de se desfiliar do PSDB, é a sua decisão, onde ele deseja se filiar politicamente e quem ele deseja apoiar eleitoralmente", disse.

"Eu quero acrescentar que eu serei adversário de Lula e, circunstancialmente, de Geraldo Alckmin. Se ambos fizerem uma chapa para disputar a Presidência da República, eu, como pré-candidato do PSDB, estarei em outro campo, no campo contrário", afirmou.

O governador disse que será combativo não só em relação a Lula, mas também a Alckmin, caso esteja ao lado do ex-presidente. "Serei educado, como sempre fui, mas serei combativo em relação a essa opção."

Questionado se acharia estranho ver os dois juntos, disse que não cabia a ele fazer análise "do estranho ou não". "Vocês podem analisar. Mas alguém que durante 33 anos combateu o PT e, repentinamente, se associa ao PT, a classificação são vocês é que devem fazer, e a opinião pública também."

Em 2018, Doria disputou prévias, se tornou candidato ao Governo de São Paulo e se elegeu fazendo campanha com o nome de Bolsonaro, algo que Alckmin desaprovou. Após o primeiro turno, em reunião tucana, Alckmin disse a Doria: "traidor eu não sou", em um episódio que marca o afastamento entre eles.

A entrevista de Doria foi concedida antes de o STF formar maioria para abrir brecha para entrada de brasileiro sem passaporte da vacina.

O governador defendeu a exigência do comprovante de vacinação. "Não faz sentido que o Brasil possa se tornar um destino de pessoas não vacinadas", criticou. "Aqui não será um jardim de recreio para pessoas negacionistas e que não se vacinam e entendem que podem chegar no Brasil sem vacina."

Doria pretende anunciar sua equipe econômica nesta quinta-feira em São Paulo. Segundo ele, ao contrário do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), não haverá "um posto Ipiranga" --em referência ao ministro Paulo Guedes (Economia). "Nós teremos um conjunto de postos Ipiranga. Serão seis nomes, dos quais três serão mulheres."

O governador de São Paulo também entrou com novo pedido para liberação da Coronavac para crianças e jovens de 3 a 17 anos.

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