BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Neste início de ano, a parcela de brasileiros que espera piora na economia dobrou, segundo pesquisa Datafolha. Em dezembro, uma minoria de 20% tinha essa percepção. No levantamento mais recente, a maioria, 40%, vê um futuro econômico menos promissor para o país.

A pesquisa Datafolha foi realizada terça (22) e quarta-feira (23) com 2.556 eleitores em 181 cidades de todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.

Nesse período, o Brasil já sentia o repique na alta de preço dos combustíveis, um dos efeitos da invasão da Rússia à Ucrânia, bem como o persistente aumento no preço dos alimentos, após alterações climáticas levarem a perdas em vários segmentos do agronegócio.

O Datafolha aponta uma inversão no estado de ânimo dos brasileiros. Em dezembro, havia otimismo, com uma maioria de 42% prevendo melhora na economia, e 35% estimando que ela ficaria como estava. Agora, 27% esperam uma melhora, e 29% estimam que vai ficar como está.

É uma frustração na largada do ano, se for considerado que a pesquisa havia mostrado altas expectativas para 2022. De maneira geral, 73% esperavam que este ano fosse melhor que o de 2021 para todos os brasileiros, enquanto apenas 8% previam piora e 15% esperavam que que seria igual.

De certa forma, a perspectiva do cidadão agora está mais alinhada com a de economistas e analistas de mercado, que começaram a rever o crescimento do Brasil já no final do ano passado. As projeções permanecem abaixo de 1% nas instituições privadas. No início de março, o próprio governo cortou a sua projeção de crescimento no ano de 2,1% para 1,5%.

O pessimismo econômico agora é generalizado na população. Contamina a maioria dos mais pobres, que ganham até dois salários mínimos (42%), bem como os mais ricos, com renda acima de dez salários mínimos (43%).

No recorte por raça, no entanto, os negros são mais pessimistas (45%) do que os brancos (39) com o futuro da economia. A desesperança contamina um número grande de desempregados, entre os que desistiram de procurar trabalho: 53% estimam dias piores para o país.

O contingente que sentiu piora na economia nos últimos meses se manteve praticamente estável, mas é elevado. Em dezembro, 65% tinham essa percepção, em março, 66%.

ESPERANÇA DE DIAS MELHORES COM A VIDA PESSOAL

Em relação a sua própria situação econômica, ainda prevalece a esperança de dias melhores.

A fatia de brasileiros que estima um futuro econômico promissor ficou menor, mas ainda representa a maioria. Em dezembro, 56% acreditavam que a sua situação econômica iria melhorar. Agora, são 45%.

Em contrapartida, cresceu o número de pessimistas. A parcela que estima piora passou de 9% para 18%. Quem acredita que a vida econômica não muda passou de 33% para 35%.

O otimismo, no entanto, permanece elevado entre moradores das regiões Centro-Oeste e Norte, onde 51% acreditam que sua vida econômica vai melhorar. Em contrapartida, a fatia pessimista, ainda que minoritária, é maior no Nordeste, onde 22% estimam que sua vida econômica vai piorar.

Os evangélicos são os mais otimistas. Nesse grupo, 53% acreditam que seu futuro financeiro vai melhorar, contra 42% dos católicos e 31% dos espíritas.

O contingente que percebe priora na situação econômica pessoal nos últimos meses se manteve praticamente estável. Em dezembro, 47% tinham essa leitura, em março, 46%.