SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - No Carnaval cancelado em São Paulo, até houve tentativas de organizar blocos improvisados para driblar as restrições impostas à folia na rua, mas os foliões preferiram lotar as festas fechadas com ingressos até R$ 1.500, com open bar.

Nesta segunda-feira (28), centenas de foliões fantasiados lotaram a rua em frente a um boteco no bairro da Água Branca (zona oeste).

A concentração foi organizada no boca a boca, entre grupos de WhatsApp. Uma caixa de som de dentro do bar fez com que os presentes tivessem um gostinho de Carnaval. Em seguida, apareceram músicos que tocaram hits da folia.

Funcionárias do bar disseram que a aglomeração de foliões foi espontânea e as surpreendeu, já que ficaram sabendo do evento somente nesta segunda.

Próximo ao boteco, uma tenda foi montada na rua em frente a um bar com a temática "amantes de carros e motos". Por ali, músicos tocavam clássicos do rock’n’roll para casais e famílias.

Alguns foram ao ponto de encontro em busca do batuque após não terem conseguido entrar em uma festa em Santa Cecília (região central) que cobrava R$ 40 a entrada para a apresentação de A Espetacular Charanga do França, bloco tradicional do bairro. O lugar lotou às 8h, sendo que a apresentação estava marcada para as 11h.

Uma foliã que pediu para não ser identificada contou que ficou sabendo da concentração no boteco em frente ao bar em Santa Cecília que lotou logo cedo.

Na praça Olavo Bilac, no mesmo bairro, pessoas fantasiadas se agrupam em torno de ambulantes diariamente desde sábado (26), quando o lugar se tornou uma espécie de ponto de encontro dos adeptos do Carnaval de rua.

Nesta segunda, a praça reuniu foliões mais uma vez, mas a movimentação não chegou nem perto de um bloco de Carnaval no bairro de Santa Cecília, que costuma atrair milhares de pessoas.

A praça foi escolhida porque se tornou ponto de ensaio de músicos de blocos durante a pandemia. Ambulantes que costumam abastecer os foliões no entorno engrossaram a aglomeração espontânea.

Por outro lado, a programação de Carnaval do Jockey Club lotou todos os dias do feriado. Por dia, a expectativa era de receber 7.000 pessoas dispostas a desembolsar até R$ 1.500 para um dia de festa.

Entre as atrações que passaram por ali, estão nomes como Thiaguinho, Dennis DJ, Ludmilla e Pedro Sampaio. O feriado será encerrado com um show da Anitta, que acontece na noite de terça.

Um bar de samba na Vila Anglo, na zona oeste de São Paulo, reuniu algumas pessoas fantasiadas na tarde de domingo (27), que dançavam ao som de marchinhas.

As demais festas fechadas em São Paulo reuniram apresentações de blocos de Carnaval que costumam atrair milhares de foliões às ruas. As entradas variavam entre R$ 10 a R$ 60, e muitos eventos tiveram que abrir novos lotes de ingressos diante da alta procura.

Manifestos contrários ao Carnaval confinado e anúncios de venda de ingressos opuseram organizadores de blocos nas redes sociais.

Se as tentativas de atrair foliões para as ruas de São Paulo têm sido tímidas, no Rio de Janeiro a tímida fiscalização encorajou foliões a seguir os blocos clandestinos que lotaram as ruas do centro da capital fluminense.

Apesar de proibidos pelo prefeito Eduardo Paes (PSD), os blocos tomaram as ruas desde a noite de sexta-feira (25), inclusive sob a observação de policiais militares e guardas municipais.

Em São Paulo, a Polícia Militar também não chegou a reprimir a concentração de foliões na praça Olavo Bilac. Os oficiais apenas filmavam a movimentação com câmeras de celular quando faziam a ronda pelo local.

A mesma postura foi adotada durante os ensaios gerais de algumas escolas de samba paulistanas que fecharam ruas no sábado e no domingo.

Na noite de sábado, a reportagem presenciou quando um carro de polícia chegou à avenida Mazzei, na zona norte, durante o ensaio geral da Acadêmicos do Tucuruvi que impediu o trânsito de carros na via. Os oficiais anotaram os documentos dos responsáveis pelo evento e não impediram a festa.

Como o Carnaval de rua foi cancelado pela Prefeitura de São Paulo em janeiro, a fiscalização de aglomerações nas ruas durante o feriado ficou a cargo da Polícia Militar.

Em nota, a gestão Ricardo Nunes (MDB) afirmou que os organizadores de eventos devem se responsabilizar pela verificação do comprovante de vacinação.

O clima quente em São Paulo lotou os bares durante todo o feriado. Um quarteirão na rua Canuto do Val, em Santa Cecília, foi fechado para o trânsito diante da lotação dos bares, que se animaram com a passagem de músicos tocando marchinha no fim da tarde desta segunda.

A rua Maria Borba, na Vila Buarque, que concentra bares e restaurantes, também ficou lotada de pessoas que não cabiam mais nos estabelecimentos e tomaram a via.