RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A taxa de desemprego ficou 13,9% no trimestre encerrado em dezembro, a maior marca para o período desde o início da série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), iniciada em 2012.

Os dados foram divulgados nesta sexta (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A população desocupada somou 13,9 milhões de pessoas, resultado considerado estável pelo IBGE frente ao trimestre móvel anterior, encerrado em novembro, quando 14,1 milhões de brasileiros estavam nesta categoria.

A taxa média de desocupação para o ano foi a maior já registrada na Pnad Contínua, ficando em 13,5%, o que corresponde a cerca de 13,4 milhões de brasileiros em busca de trabalho.

De acordo com o IBGE, o resultado para 2020 interrompeu uma sequência de quedas na média de desocupação. Em 2018, a taxa ficou em 12,3%. No ano seguinte, em 11,9%.

O contingente de pessoas subutilizadas —que trabalham menos horas do que gostariam— aumentou 22,5% na comparação com o mesmo trimestre de 2019, o que equivale a 5,9 milhões de brasileiros a mais nesse perfil, totalizando 32 milhões.

A taxa média de subutilização foi a maior da série histórica, ficando em 28,1%, um crescimento de 3,9 pontos percentuais na comparação com 2019.

Os desalentados, ou seja, que desistiram de procurar emprego por acreditarem que não vão encontrar uma vaga, aumentaram 25,3% na comparação com o último trimestre de 2019. Atualmente, são 5,8 milhões nessas condições.

O trimestre encerrado em dezembro de 2020 foi o último em que houve liberação do auxílio emergencial de R$ 300 (em janeiro, houve liberação de saque de parcelas residuais). ​

Desde que o valor do benefício foi reduzido de R$ 600 para R$ 300, a taxa de desemprego passou a sofrer maior pressão, com um número maior de pessoas em busca de uma vaga.

O governo busca uma solução para o retorno do benefício. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (25) que pretende pagar R$ 250 em uma nova rodada de auxílio prevista para ser iniciada em março.

A liberação, contudo, depende da aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) Emergencial, que estava prevista para ser votada no Senado nesta quinta (25), mas foi adiada para a próxima semana por divergências quanto ao fim do piso de gastos em saúde e educação —mudança que consta na PEC.

O ano de 2020 foi marcado pela chegada da pandemia de Covid-19 no Brasil, que a partir do mês de março exigiu medidas de isolamento social, adotadas para evitar a disseminação da doença. As iniciativas impuseram o fechamento de comércio e serviços, setores que mais empregam na economia brasileira.

Diante desse cenário, a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, explicou que a pandemia piorou as condições de trabalho no Brasil, pois a necessidades de distanciamento paralisaram as atividades econômicas de forma temporária e influenciaram na decisão das pessoas de procurarem trabalho.

Após a flexibilização das medidas, mais pessoas voltaram a buscar emprego, o que vem pressionando o mercado. Assim, a população ocupada diminuiu em 7,3 milhões de pessoas, saindo de 93,4 milhões, em 2019, no que era o maior contingente da história da pesquisa, para 86,1 milhões no ano passado.

Pela primeira vez na série anual, segundo Beringuy, menos da metade (49,4%) da população em idade para trabalhar estava ocupada no país, na média do ano.