SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O deputado Luis Miranda (Republicanos-DF), que envolveu o ex-presidente Jair Bolsonaro em denúncias de irregularidades feitas à CPI da Covid, alugou o triplex do Guarujá atribuído pela Lava Jato ao ex-presidente Lula para celebrar o seu aniversário.

Ele completou 42 anos no domingo (27). Mas a festa será no próximo sábado (2).

"Aniversário de gente polêmica tem que ser comemorado com polêmica", diz Miranda, dando risada.

Ele afirma ainda que a festa servirá para dar visibilidade à sua candidatura a deputado federal por São Paulo.

O parlamentar foi eleito pelo Distrito Federal em 2018, mas mudou seu domicílio eleitoral.

"Vai gerar um engajamento maior para eu dar o meu recado para bastante gente", diz ele, sem revelar o valor do aluguel. "Assinei contrato de confidencialidade. Posso apenas dizer que foi um preço extremamente ridículo, igual ao de qualquer outro apartamento equivalente na cidade", completa.

Ele diz ter convidado cinquenta pessoas, entre "influenciadores e cantores famosos, de samba", para a celebração.

A festa começará no fim de tarde. "Mas quem quiser pode chegar bem cedo para curtir a praia", diz.

Ele afirma também que pretende passar a mensagem de que não é bom, "para um político, se envolver com triplex, Fiat Elba [referindo-se a um carro comprado por PC Farias para o então presidente Fernando Collor de Mello com dinheiro de caixa dois]".

No ano passado, Luis Miranda deu um depoimento à CPI da Covid e disse aos senadores que avisou Bolsonaro sobre irregularidades nas negociações para a compra da vacina Covaxin. O irmão dele, Luis Ricardo Miranda, trabalhava no Ministério da Saúde e tinha denunciado os problemas à Polícia Federal.

"Apresentamos provas, documentos", afirma ele. Como Bolsonaro não tomou providência sobre o assunto, foi acusado pela CPI de prevaricação.

O apartamento do Guarujá foi o centro de um processo movido por procuradores da Operação Lava Jato contra Lula, e que resultou em sua condenação pelo ex-juiz Sergio Moro, a 9 anos e seis meses de prisão.

O ex-presidente sempre negou que tivesse sequer a intenção de adquirir o imóvel.

O processo contra ele terminou anulado depois que Moro foi considerado suspeito pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O escândalo da Vaza-Jato, em que mensagens do ex-juiz com procuradores viram a público, mostrou que ele chegou até a indicar testemunhas contra Lula para o Ministério Público Federal, desconsiderando, por outro lado, argumentos da defesa do petista.