SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um vídeo de prédios sendo demolidos na China dá a dimensão do problema do setor imobiliário no país, cuja desaceleração culminou no risco de quebra da gigante Evergrande.

Um conjunto de 15 arranha-céus na cidade de Kunning, no sudoeste chinês, foi posto ao chão cerca de oito anos após as obras serem interrompidas. Segundo a Vice, o desenvolvedor do projeto ficou sem dinheiro e os prédios foram adquiridos por outra empresa, que não deu continuidade às obras.

O modelo chinês de crescimento cria "cidades-fantasma", áreas urbanas construídas ainda sem moradores, na expectativa de que a mão de obra vinda da zona rural ou outras regiões ocupem a área. Mas nem sempre isso ocorre.

No caso dos arranha-céus de Kunning, a área demolida dará lugar a edifícios menores.

"O setor imobiliário começou a desacelerar com força e rapidamente, e grandes incorporadoras como a Evergrande passaram a ter dificuldades para vender os empreendimentos em construção", aponta João Leal, economista da gestora de recursos Rio Bravo, controlada pelo conglomerado chinês Fosun.

Especialistas esperam por um aumento das preocupações com a entrega de empreendimentos e com o refinanciamento para outras incorporadoras.

Em um cenário pessimista, os novos lançamentos poderiam ter uma queda de 20% em bases anuais ou até acima disso nos próximos meses, projeta o time de análise econômica do UBS voltado para Ásia.

Esse impacto, por sua vez, poderia tirar de 1 a 2 pontos percentuais no crescimento do PIB chinês, preveem os especialistas.

"De toda forma, o impacto macroeconômico no pior cenário de contágio provavelmente será menor do que a desaceleração imobiliária de 2014 e 2015, à medida que os estoques permanecem baixos e o excesso de capacidade no setor diminuiu", diz o relatório.