CAMPINAS, SP (FOLHAPRESS) - Nesta quarta-feira (3), o escritor sul-africano Damon Galgut recebeu o Book Prize por "The Promise", ou a promessa, seu nono romance, ainda sem edição no Brasil. Essa é a terceira vez que Galgut estava entre os indicados para o prêmio inglês —antes em 2003, com "O Bom Médico", publicado pela Companhia das Letras, e "Em um Quarto Estranho", da editora Record—, mas só agora ele volta para a Cidade do Cabo, onde vive, com o prêmio de £ 50 mil —cerca de R$ 380 mil.

Com "The Promise", Galgut quebrou um hiato de sete anos e retratou a realidade uma família branca, descendente de colonos holandeses, na África do Sul pós-apartheid, acompanhando sua decadência a partir de quatro funerais em diferentes décadas. Com isso, o romancista torna-se o terceiro de seu país a receber a premiação, depois de J. M. Coetzee (também vencedor do Nobel, em 2003) e Nadine Gordimer.

O trabalho foi classificado pelo júri como uma "demonstração espetacular de como um romance pode nos fazer ver e pensar de maneira nova". "Com economia narrativa, oferece perspectivas comoventes sobre os conflitos geracionais, reflete sobre a vida e a morte", destacou a historiadora e acadêmica Maya Jasanoff, presidente do júri.

Ainda houve comparações a respeito da abordagem de Galgut, que seria similar ao estilo de narrativa do norte-americano William Faulkner —de "O Som e a Fúria" e ganhador do Nobel em 1949—, e à sensibilidade interior dos personagens da britânica Virginia Woolf —"Ao Farol", "Orlando".

Além de Jasanoff, o júri da edição deste prêmio —distribuído anualmente para o melhor romance em língua inglesa publicado no Reino Unido ou Irlanda— contou com a editora Horatia Harrod, a atriz Natascha McElhone, o professor Chigozie Obioma e com Rowan Willians, antigo arcebispo da Cantuária, na Inglaterra.

Entre os outros finalistas na categoria de ficção estavam a norte-americana Patricia Lockwood, com sua primeira ficção, "No One is Talking About This"; o autor do Sri Lanka Anuk Arudpragasam, de "A Passage North", a britânica de origem somali Nadifa Mohamed, por "The Fortune Men"; o norte-americano Richard Powers, com "Bewilderment"; e Maggie Shipstead, com "Great Circle", também dos Estados Unidos.