SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) começou a se desfazer das ações que detém da Usiminas nesta sexta-feira (7), sete anos após a determinação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Inicialmente, o prazo para a venda era 2019, mas a companhia de Benjamin Steinbruch conseguiu estendê-lo, diante da desvalorização dos papéis.

Hoje, com uma alta de cerca de 57% da Usiminas em 2021 decorrente da subida dos preços do aço, a CSN vendeu 56 milhões de ações preferenciais (sem direito a voto) da siderúrgica mineira via leilão na B3, movimentando R$ 1,3 bilhão, a R$ 22,57 cada papel.

O montante é um pouco mais que a metade das 111,138 milhões de ações que a CSN detinha na Usiminas, o que equivale a 20,29% das ações em circulação da mineira, a maior participação minoritária na empresa atualmente.

Segundo o estipulado pelo Cade em 2014, a companhia de Steinbruch tem que reduzir a sua participação na Usiminas para menos de 5%. Para isso, a CSN deve realizar mais um leilão, mas apenas daqui a 45 dias.

O primeiro leilão foi coordenado pelo Bank of America Merril Lynch.

Entre 2011 e 2012, a CSN adquiriu grandes fatias na Usiminas por meio da compra de ações na Bolsa. O movimento fez com que a Usiminas pedisse ao Cade uma medida cautelar, impedindo que a rival exercesse direitos como minoritária e tivesse acesso a informações sensíveis da companhia ainda em 2012, dado que ambas são as duas maiores produtoras de aços planos do país.

Em abril daquele ano, o Cade proibiu a CSN de indicar representantes para órgãos de gestão e suspendeu os direitos políticos da acionista.

Também foi determinado que a CSN assumisse o compromisso de vender parte das ações compradas. A companhia ainda recebeu uma multa de R$ 687 mil à época por ter notificado a operação dez meses após o prazo legal.

Dessa forma, apesar de ter conquistado posição relevante na estrutura acionária da concorrente, a CSN não participa do bloco de controle da empresa e, por isso, não tem voz nas decisões estratégicas tomadas.

O bloco de controle da siderúrgica mineira é formado pelos grupos Nippon, Techint e pela Caixa dos Empregados da Usiminas.

A CSN chegou a pedir a flexibilização da exigência, alegando possível crise de governança decorrente de disputas entre os controladores Nippon e Techint e agravamento da situação econômica da Usiminas, mas o pedido foi negado pelo tribunal do Cade.

Procurada, a Usiminas disse que não iria comentar a operação neste momento. A CSN não respondeu o contato da reportagem até a publicação.