SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O consórcio articulado pela FNP (Frente Nacional de Prefeitos) para compra de vacinas contra a Covid-19 pelos municípios, à parte das oferecidas pelo governo federal, atraiu até esta sexta-feira (5) 1.703 cidades do país, onde se concentram mais de 125 milhões de brasileiros.

O consórcio foi formado depois que o Supremo Tribunal Federal autorizou que estados e municípios comprem vacinas caso o governo federal descumpra o Plano Nacional de Imunizações ou se a programação da União não for suficiente para imunizar a população de determinada região.

Segundo a FNP, o consórcio não compete com o plano nacional de imunizações do Ministério da Saúde e ocorre paralelamente às negociações do governo federal.

O Conectar (Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras), como foi batizado, será oficializado no dia 22. A ideia é negociar com todos os laboratórios que tiverem vacinas aprovadas contra a Covid-19, segundo o presidente da FNP e ex-prefeito de Campinas, Jonas Donizette.

Ainda não há previsão de recursos, mas os municípios já se dispuseram a colocar dinheiro para a compra de vacinas, afirma ele.

Caso o recurso usado para comprar a vacina seja do governo federal ou de doação de empresas e organizações, os imunizantes serão distribuídos entre os municípios que aderiram à iniciativa de forma proporcional à sua população. Empresários manifestaram apoio não só para a compra de doses como ofertaram profissionais e logística, diz Donizette.

Outra opção que os prefeitos terão é colocar diretamente recursos para a compra de quantas doses desejarem. "Se for com recurso do caixa da prefeitura, vai receber o correspondente ao que colocar no consórcio. Por exemplo, se Campinas colocar dinheiro para 50 mil doses, vai receber 50 mil doses", diz.

A vantagem para os prefeitos em participar do consórcio neste caso seria conseguir melhores condições de preços, já que poderão fazer a compra em maior escala.

O consórcio deve servir também para a compra de insumos e medicamentos relacionados à pandemia, além de outras vacinas para futuras epidemias que possam vir ao Brasil.

Segundo Donizette, os prefeitos não discutiram a imposição de medidas restritivas nos municípios de forma nacional "porque dentro da Frente Nacional de Prefeitos temos muitos prefeitos bolsonaristas e muita gente contra o Bolsonaro, contra as coisas que ele propaga", afirmou.

"Tem prefeito que é a favor de tomar medidas mais restritivas e tem prefeitos que não, que seguem o que o presidente tem falado. Não é papel da FNP dizer 'faça isso' ou 'faça aquilo' para alguém que foi eleito pela população", disse, ressaltando que a recomendação médica e científica é mante o distanciamento de outras pessoas.

"Nós só vamos conseguir resguardar vidas e parar com o abre e fecha da economia quando tivermos um grande número de brasileiros vacinados, imunizados", disse. "Se tem alguém que quer ver a cidade aberta, comércio funcionando, são os prefeitos, mas pra isso precisamos de vacinação."

O ex-prefeito criticou a fala de Bolsonaro na quinta (4) que afirmou que para comprar vacinas "só se for na casa da tua mãe". Segundo Donizette, o presidente "age como moleque em briga de escola". Apesar de repudiar a fala, ele afirmou que é preciso reconhecer que é difícil encontrar vacina à disposição e disse que a recusa das doses ofertadas ao país pela Pfizer no ano passado "foi algo que não conseguimos compreender".

Apesar disso, não haverá problemas se o governo federal requisitar as vacinas obtidas pelos municípios, segundo Donizette. " A vacina vai chegar à população, e é isso o que nós queremos."