SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O parque Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, administrado pela concessionária Urbia, planeja a partir de março cobrar pessoas que utilizam o espaço de forma comercial para dar aulas de atividades físicas. Com a medida, a estimativa inicial é que as cobranças gerem de R$ 100 mil a R$ 200 mil para a empresa, que promete retornar o dinheiro arrecadado em investimentos no local.

De acordo com o diretor da Urbia Samuel Lloyd, a iniciativa é uma forma de regularizar o comércio que acontece no parque. "O que estamos fazendo é que as pessoas que tem negócios no parque e colocam mesa, levam produtos, põem até sonorização e delimitam uma área muitas vezes com cone ou outros instrumentos primeiro agende essa utilização com a Urbia e depois pague uma taxa pelo espaço que ela está utilizando e é reservado sem acesso para a população", afirma Loyd.

Estudos prévios feitos pela própria concessionária indicam que atualmente o parque conta com aproximadamente 300 assessorias para várias modalidades esportivas. Lloyd explica ainda que a pesquisa apontou que a mensalidade paga pelos alunos para essas assessorias varia entre R$ 100 e R$ 400 e que o número de alunos também varia entre 10 a 400 a depender do tamanho de cada uma delas.

A ideia é que o valor pago gire entre 3% a 5% do valor arrecadado pelas assessorias.

"Nosso primeiro passo será fazer um cadastramento dessas assessorias e também verificar se elas estão utilizando profissionais qualificados. Esse é um ponto importante porque as pessoas acreditam que essas assessorias têm profissionais de qualidade", explica Lloyd.

Em contrapartida, a Urbia diz que vai disponibilizar um sistema indicando as assessorias para as atividades no parque. "Vamos oferecer um conteúdo online para que as pessoas que queiram fazer prática esportiva no Ibirapuera das mais variadas, desde funcional até a corrida ou da aula de vôlei a de rúgbi, encontrem essas assessorias regulamentadas", conclui.

Lloyd também afirma que a cobrança só vai atingir as assessorias. Pessoas físicas que queiram utilizar o parque poderão continuar fazendo isso normalmente. "Se houver um grupo de cinco amigos que costuma correr no parque, ele vai continuar correndo ali sem precisar pagar nada", pondera Lloyd.

Assessorias pedem cautela Para Luiz Fernando Zilli Lo Presti, conhecido como professor Zilli, que administra a assessoria E-Corpus, e que atua no ramo de corridas, é prematura a ideia de querer iniciar as cobranças já em março. "As conversas estão em um estágio muito inicial. Eles nos oferecem uma proposta e levamos outras para eles", explica. "Mas temos muito a oferecer ao parque também, levamos muita gente ao parque", completa.

A presidente ATC-SP (Associação dos treinadores de corrida de São Paulo), Alessandra Othechar, não é contra a cobrança, mas diz que alguns pontos ainda precisam ser ajustados.

"A Urbia chegou a pedir 10% em outras reuniões, mas esse valor caiu. Agora quer cobrar de 3% a 5% do nosso orçamento. Mas como vai ser controlado isso? Vamos ter que abrir nossos ganhos para eles?"

Alessandra explica que existem cerca de 60 assessorias de treinadores de corrida filiados a associação e que, ao menos, 30 delas utilizem o Ibirapuera.

Ainda segundo ela, a tentativa de cobrar quem usa o espaço para ganhar dinheiro é antiga. "Isso acontece desde a época em que a prefeitura administrava o lugar. Não somos contra a cobrança, mas é preciso ser feita de uma forma que não prejudique ninguém. Por exemplo: nós já gastamos R$ 20 de estacionamento todas as vezes que a gente vem aqui", finaliza.