SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Comissão de Legislação Participativa da Câmara do Deputados tem divulgado, em seu perfil oficial no Twitter, notícias da guerra na Ucrânia sob o ponto de vista da Rússia, país invasor.

O conteúdo não tem relação direta com a função primordial da comissão, que é "facilitar a participação da sociedade no processo de elaboração legislativa", por meio de sugestões de leis e emendas.

A comissão tem compartilhado, por exemplo, links da versão em espanhol do canal Russia Today, ligado ao Kremlin, que foi banido por diversos países ocidentais junto com outros meios, sob a justificativa de que disseminam desinformação. A Rússia acusa estes governos de promoverem censura contra os veículos.

O perfil da CLP chegou a retuitar uma espécie de tutorial do canal russo ensinando as pessoas a burlarem o bloqueio e seguirem acompanhando a programação.

Também houve postagens feitas pela comissão relatando que políticos latino-americanos e jornalistas europeus condenaram a censura à emissora russa.

Outro veículo pró-Moscou divulgado pela comissão é a emissora Telesur, ligada ao governo da Venezuela, que é aliado do presidente Vladimir Putin.

No último dia 14 de março, a CLP no Twitter traduziu parte de reportagem do canal venezuelano com declaração do porta-voz do Ministério da Defesa russo, major-general Igor Konashenkov. Ele condenou o que afirmou ser um ataque lançado por nacionalistas ucranianos contra a cidade de Donetsk, que teria matado 20 civis e ferido outros 28, incluindo crianças.

Presidente da Comissão, o deputado federal Waldenor Pereira (PT-BA) disse que não orientou os responsáveis pelo perfil a compartilhar material pró-Rússia, e que foi informado do fato pelo Painel.

"Estou me surpreendendo com essa informação. Não tem orientação minha nem de nenhum parlamentar sobre isso, ao menos do que eu tenha conhecimento", disse. Ele afirmou que iria se inteirar sobre o caso e adotar medidas a respeito.