Comissão Arns visita centro de identificação de desaparecidos ameaçado de despejo
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quarta-feira, 30 de março de 2022
MÔNICA BERGAMO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, José Carlos Dias, fará nesta sexta (1º) uma visita ao Caaf (Centro de Antropologia e Arqueologia Forense), da Unifesp. Acompanhado de outros integrantes da entidade, ele vai discutir a situação da sede do centro, que está sendo ameaçada de despejo.
O Caaf é responsável pela identificação das 1.049 ossadas da vala de Perus, na região noroeste de São Paulo, onde foram enterradas clandestinamente vítimas da repressão da ditadura militar. Com as dúvidas sobre a sede, há risco de paralisação deste trabalho. "Outras atividades que fazemos como relatórios forenses em casos de violações de direitos humanos também serão afetados", diz Edson Teles, coordenador do Caaf.
Além disso, o local funciona como um centro de formação de profissionais, que também seria interrompido com o despejo.
O centro está localizado atualmente em um imóvel na Vila Mariana, que é alugado pela Unifesp. O espaço foi vendido, e o novo proprietário deu um prazo até o final de julho para o Caaf deixar o lugar.
Um gabinete de conciliação formado por representantes da Prefeitura de São Paulo, da Unifesp e do governo federal estuda uma solução para o problema. Esta resolução é mediada pelo TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região).
Em nota, o órgão afirmou que a Unifesp já conseguiu outro imóvel de sua propriedade para abrigar o Caaf. O local, porém, necessita de reformas para adaptá-lo às necessidades do Centro, o que vem sendo discutido com todas as partes.
Também é debatida, segundo o Tribunal, a construção de um memorial para a transferência definitiva das ossadas das vítimas de repressão política após a conclusão do processo de identificação.