TÓQUIO, JAPÃO (FOLHAPRESS) - O secretário especial de Cultura, Mario Frias, e seu braço direito, André Porciuncula, chegaram nesta quarta-feira (28) a Roma, na Itália, para Conferência dos Ministros da Cultura do G20.

A secretaria responde pela administração da Cinemateca Brasileira, cujo depósito está pegando fogo na noite desta quinta-feira (29).Também está na capital italiana o ministro do Turismo Gilson Machado, a quem Frias se submete hierarquicamente.

Frias acompanhou de uma espécie de arquibancada a participação de Machado em encontro de ministros nesta quinta (29).

A data de retorno agendada pelo grupo é 1º de agosto.

Quem está no comando da Cultura atualmente é o secretário-adjunto Helio Ferraz de Oliveira, que é na prática o número 4 na hierarquia, abaixo de Machado, Frias e Porciuncula. Ele foi designado como substituto eventual do secretário de 27 de julho a 2 de agosto.

Até o momento eles não se manifestaram sobre o incêndio. A possibilidade de que ele acontecesse tem sido levantada há mais de um ano por ex-funcionários da entidade. O Ministério Público Federal entrou com ação civil pública contra a União em julho de 2020 por descaso na administração da instituição.

Gustavo Torres Soares, autor da petição, escreveu à época que a "resistência ideológica" se apresentava como único motivo aparente para que o governo Bolsonaro não seguisse recomendações técnicas de órgãos federais, "à custa da deterioração do material custodiado pela Cinemateca e do risco crescente de sua destruição”.

No começo de julho, durante o Festival de Cannes, o cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho chamou atenção para a crise na instituição sob o governo Bolsonaro.

"A Cinemateca Brasileira foi fechada de um ano para cá. [Tem] 90 mil títulos, 230 mil rolos de filmes e programas de TV. Todos os técnicos e especialistas foram demitidos . É uma demonstração de desprezo pela cultura e pelo cinema, e acho que deveria mencionar isso porque estamos em um festival, todos amamos o cinema. E [a Cinemateca] é um templo de preservação. Muitos amigos não brasileiros me perguntam o que podem fazer. Eu digo: escrevam, falem sobre isso, chamem o governo e perguntem por que estão fazendo isso”, disse.

Em maio, Frias participou da Bienal de Veneza, quando revelou não saber quem era Lina Bo Bardi, estrela do evento. A viagem do secretário e equipe à Bienal de Veneza em 2020 custou R$ 112 mil aos cofres públicos, segundo dados apresentados pelo Ministério do Turismo à Câmara dos Deputados após pedido de informação dos deputados Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e David Miranda (PSOL-RJ).