BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - A Colômbia vai às urnas neste domingo (13) para escolher os 280 membros do Congresso e definir, em primárias, quais serão os nomes de três das principais coligações ao pleito presidencial, que ocorre em 29 de maio.

Por ora, há 16 pré-candidatos, mas o desempenho de cada um nessa rodada e nas pesquisas pode mudar o cenário --como se deu na eleição anterior, quando o atual presidente, Iván Duque, saiu vitorioso na escolha do Centro Democrático e, para fortalecer a chapa, chamou para vice a conservadora Marta Lucía Ramírez, que pretendia concorrer por conta própria.

Os principais levantamentos hoje indicam uma vantagem da esquerda nos dois pleitos. Para a disputa do Congresso, o instituto EcoAnalítica aponta que a coalizão Pacto Histórico lidera com 38% das intenções de voto.

Depois vêm o Partido Liberal, com 14%, e o Centro Democrático (ambos mais à direita), com 12%. A coalizão de centro tem 6,5% da preferência.

Na corrida presidencial, a liderança clara é do esquerdista Gustavo Petro, que neste domingo disputa a primária do Pacto Histórico --ele tem pouco risco de derrota, já que os outros quatro pré-candidatos do grupo apresentam desempenho muito fraco nas pesquisas até aqui.

A sondagem do instituto Invamer mostra o atual senador com 44,6% das intenções de voto na eleição nacional. Caso seu nome esteja mesmo na urna, será a segunda vez que ele concorre a presidente: em 2018, ele foi derrotado por Duque no segundo turno.

Petro foi prefeito da capital do país, Bogotá, e um dos principais apoiadores do acordo de paz do Estado com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Ele próprio foi guerrilheiro do M-19, uma força que atuava na luta armada e que, por meio de outro tratado, entrou para a política convencional em 1990.

Outra coalizão que elege seu candidato neste domingo é a Centro Esperanza, que tem como favorito o ex-prefeito de Medellín Sergio Fajardo, conhecido pelas reformas que resgataram a cidade. O político de centro-esquerda ficou em terceiro na corrida de 2018 e, pelas sondagens atuais, teria 15% das intenções, atrás de Petro.

Fajardo disputa a indicação com o ex-ministro da Saúde Alejandro Gaviria e com o ex-senador Juan Manuel Galán --filho de Luis Carlos Galán Sarmiento, assassinado em campanha a mando de Pablo Escobar, no fim dos anos 1980.

A terceira coalizão com primárias, a Equipo por Colombia, é mais ligada à direita e deve ter como candidato outro ex-prefeito de Medellín, Federico Gutiérrez --que, apoiado por forte presença nas redes sociais, marca 10% das intenções nas pesquisas nacionais.

Analistas veem como crucial que os ganhadores dessas prévias angariem o apoio dos demais pré-candidatos e construam a unidade dentro de suas alianças, de modo a terem força para enfrentar Petro.

A urna em 29 de maio deve ter ainda outros nomes que preferiram concorrer de forma independente, sem disputar prévias. Um deles é o de Ingrid Betancourt, que já concorreu à Presidência antes --pesquisas dão a ela 6,2% das intenções.

Além dela, há o empresário Rodolfo Hernández, uma espécie de outsider da política, que tem 9,5% das preferências, e o veterano Óscar Zuluaga, que hoje marca 8%. A presença do ex-candidato presidencial, derrotado por Juan Manuel Santos em 2014, é marcante por representar o combalido governismo do Centro Democrático.

Duque tem rejeição alta, na casa de 70%, e seu grupo político sofre com o esvaziamento da figura de seu padrinho, o líder histórico da direita Álvaro Uribe. Seu estilo carismático de caudilho ainda é uma influência, mas os problemas com a Justiça --ele é alvo de processos por corrupção-- vêm enfraquecendo sua imagem. Segundo o instituto Datexco, Uribe tem rejeição de 66%.

Os candidatos da direita, em geral, se opõem ao acordo de paz com as Farc e, embora tenham de dar seguimento a sua implementação por razões constitucionais, propõem a redução do alcance de alguns de seus elementos.

Caso seja necessário um segundo turno, ele será realizado em 19 de junho. Nas sondagens mais recentes, Petro venceria todos os demais candidatos.

Sua campanha agora se concentra em tentar reduzir a rejeição que ele ainda tem pelo fato de ter sido guerrilheiro. O esquerdista é o candidato que mais tem se exposto em viagens e comícios pelo país.