SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Mesmo autorizados pelo governador João Doria (PSDB) a não exigir mais o uso de máscara em locais abertos, parte dos colégios particulares de São Paulo decidiu que ainda não fará a flexibilização. Eles temem o aumento de contágio entre alunos e professores.

Há ainda instituições que decidiram só dispensar a proteção facial para alunos nas áreas externas, mas não para professores e funcionários. Também há escolas que seguiram a medida do governador, mas ainda recomendam o uso por não achar prudente a ausência da máscara.

Os colégios Equipe e Gracinha, ambos na região central da capital paulista, por exemplo, avaliaram não ser seguro desobrigar o uso da máscara. A visão dessas instituições é que os alunos ficariam desprotegidos nos momentos de maior risco de contágio, que são os recreios, a entrada e a saída das aulas.

"Há uma grande densidade na ocupação dos pátios e não é possível manter um distanciamento seguro entre os alunos para que se possa liberar o uso das mesmas", disse Ligia Mori, diretora do Gracinha. A decisão de não acompanhar a medida adotada no restante do estado foi tomada após consulta com uma assessoria médica.

No colégio Mary Ward, na zona leste da capital, a direção decidiu seguir a orientação do governo estadual, mas não recomenda que os alunos deixem de usar a máscara mesmo nos locais abertos. Em nota, disse que vai continuar incentivando o uso da proteção em todas as áreas da unidade.

Já no colégio Pio XII, no Morumbi, zona sul da capital, as máscaras não serão mais obrigatórias para os alunos nos locais abertos, mas professores e funcionários são orientados a continuar utilizando a proteção.

A liberação apenas para alunos também foi a opção para os colégios da rede Luminova, que tem quatro unidades na capital. "Para preservar os colaboradores, principalmente aqueles que têm contato com todos os alunos da escola, vamos orientar que sigam usando as máscaras mesmo nos ambientes externos", disse Écia Sales, especialista acadêmica da rede.

Segundo ela, não há risco para os alunos, já que as escolas organizaram os intervalos em horários diferentes para cada turma para evitar aglomerações. Também diz que a medida irá permitir que as aulas de educação física ocorram sem o uso de máscara, quando forem feitas nos pátios e quadras.

A liberação do uso para as atividades físicas e esportivas também foi anunciada pelo colégio Humboldt, na zona sul. Segundo a direção, a medida será possível já que a unidade conta com ampla área externa, como pátios e quadras. O colégio Bandeirantes também anunciou que as aulas de educação física podem ocorrer sem máscara.

A avaliação de alguns educadores é que a retirada da máscara deve ser pensada tanto do ponto de vista sanitário quanto pedagógico e emocional. De uso obrigatório no estado há quase dois anos, a proteção facial é vista por algumas crianças, especialmente as mais novas, como uma parte importante da dinâmica escolar.

"Algumas crianças não tiveram a experiência de ir para a escola sem usar máscara ou então eram muito pequenas para lembrar. Aquelas que são mais tímidas se apegaram a elas como uma forma de se proteger das situações em que se sentem expostas ou inseguras", diz Eliane Lima, orientadora pedagógica do colégio Santa Maria.

A direção do colégio decidiu que vai liberar o uso de máscara nos ambientes externos, mas diz que a mudança será acompanhada de uma ação pedagógica para evitar prejuízos emocionais às crianças. Segundo Lima, as professoras de educação infantil têm relatado que alguns alunos rejeitam tirar as máscaras.

"Quando estão com vergonha, eles cobrem o rosto com a máscara. Há algumas semanas temos notado isso e nos perguntamos se eles não estão usando a proteção como um escudo emocional."

Ela diz que as professoras prepararam atividades para ajudar as crianças a retirar as máscaras e se sentirem seguras e acolhidas. "Não estamos negando os benefícios da máscara, mas estamos vendo que elas podem ter trazido pontos negativos para crianças menores que nasceram já neste contexto", diz Lima.