SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Um grupo de indígenas do povo Akroá Gamella afirma ter sido cercado e preso pela Polícia Militar durante um conflito com funcionários de uma empresa de energia na Aldeia Cajueiro, em Viana (MA), dentro do território indígena. Pelo menos 16 pessoas foram presas, das quais oito já foram liberadas.

Segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), os índios perceberam a presença de funcionários da Equatorial Energia na quarta-feira (17) para instalar torres e linhões de transmissão que atravessa o território da TI Taquaritiua, área que está em processo de demarcação pela Funai (Fundação Nacional do Índio).

À reportagem, a coordenação do Cimi Maranhão informou que, no dia seguinte, ao questionarem a presença dos trabalhadores e a instalação dos equipamentos, os indígenas foram surpreendidos por uma "milícia armada que fazia a proteção da empresa para a instalação".

Pouco depois, a Polícia Militar chegou e apreendeu celulares dos índios e efetuou as prisões. Cartuchos com arma de fogo foram encontrados depois na área em que estariam em posse dos agentes.

A SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Maranhão nega essa versão e diz que a Polícia Militar foi acionada pela empresa depois que os indígenas fizeram funcionários como reféns e queimaram dois veículos.

"Na manhã do dia 18, quando a empresa enviou colaboradores na tentativa de agendar uma reunião com a finalidade de entender os pleitos, os indígenas se exaltaram, mantiveram todos reféns por algumas horas, tomaram as armas dos policiais que foram chamados para tentar controlar a situação e atearam fogo nos veículos da concessionária. Um reforço foi solicitado e os reféns foram libertados sem ferimentos", afirma a Equatorial Energia, em nota.

A empresa disse ainda que opera na área "com todas as licenças emitidas pelos órgãos competentes" e que a obra foi suspensa até que os fatos sejam investigados.

Em nota, a SSP afirmou que "os policiais não reagiram, para evitar quaisquer confrontos. O reforço foi solicitado e os reféns devidamente resgatados e quatro autores conduzidos para a Delegacia Regional de Viana. As armas subtraídas foram recuperadas no final desta tarde".

A reportagem questionou a secretaria sobre o número de prisões, mas ainda não teve resposta.