RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - O cenário de agravamento da pandemia da Covid-19 no interior de São Paulo fez com que prefeituras prorrogassem medidas de fechamento de atividades econômicas.

Em contraste com Serrana, onde houve vacinação em massa e a prefeitura prega a adoção de protocolos para reabrir atividades, outras localidades da região expandida de Ribeirão Preto têm decretado medidas que incluem até o veto à doação de bebida alcoólica, enfrentando disputas com setores descontentes com lockdown.

Em Franca (a 400 km de São Paulo), o lockdown decretado pelo prefeito Alexandre Ferreira (MDB), com validade até o dia 10, fez a prefeitura enfrentar uma enxurrada de ações de setores descontentes com as medidas restritivas --que foram seguidas por cidades no entorno de Franca.

Indústrias de calçados, um dos pilares da economia local, responsáveis por fazerem a cidade ser reconhecida internacionalmente, entraram com uma ação para abrir as fábricas, mas a medida foi negada pela Justiça.

"Na ausência de vidas, não haverá consumo, e, sem consumo, não haverá produção", diz trecho da decisão do juiz Aurélio Miguel Pena, ao indeferir o pedido de liminar do Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca).

Após ter o mandado de segurança rejeitado, o sindicato informou seus associados e orientou que eles permaneçam com as atividades suspensas. "Podendo as empresas interessadas se utilizar da decisão [da Justiça], bem como do decreto municipal 11.271/2021 para sustentar negociação junto a seus clientes quanto a prazos para industrialização de seus pedidos, tentando evitar cancelamentos", diz trecho de comunicado da associação.

Além das indústrias de calçados, curtumes chegaram a obter liminar no fim de semana, mas ela caiu nesta segunda.

Já o fechamento das farmácias --raro em lockdowns-- gerou protestos da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias). A entidade disse ver "com extrema apreensão a decisão da prefeitura".

"A entidade defende as medidas de restrição de estados e municípios como estratégia para conter o avanço da Covid-19, mas foge de qualquer bom senso impedir que as portas das farmácias permaneçam abertas. Isso significa comprometer um serviço essencial [...] O decreto coloca a população local à mercê da sorte", diz nota assinada pelo CEO da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto.

A associação tentou reverter a decisão da prefeitura em uma reunião, mas o decreto foi publicado com o veto à abertura presencial das unidades, que podem funcionar via delivery.

Cidade que decretou o mais duradouro lockdown até aqui no estado, com 16 dias, Batatais (a 352 km de São Paulo) prorrogou até o dia 6 a proibição à compra, venda e até mesmo doação de bebidas alcoólicas.

Se cumprida até domingo, a determinação fará com que a "lei seca" na cidade complete 23 dias.

"Permanece igualmente proibido o consumo de bebida alcoólica em qualquer espaço público. O descumprimento do previsto no caput deste artigo, bem como no parágrafo anterior, enseja a aplicação de multa no valor de R$ 3.000 a cada uma das partes envolvidas", diz trecho do decreto publicado pelo prefeito Juninho Gaspar (PP).

A cidade, que contabiliza 131 óbitos na pandemia, teve nesta segunda duas confirmações de mortes, de uma mulher de 87 anos e de um homem de 63. São 5.770 casos confirmados da doença até aqui. O cenário de casos na cidade fez com que fosse escolhida pelo Instituto Butantan para um teste de isolamento inteligente.

O decreto ainda proíbe alugar ou emprestar locais que provoquem aglomerações e a entrada de menores de 12 anos nos supermercados. Após 16 dias, os locais foram reabertos nesta segunda, mas com limite de 25% da capacidade e com a permissão para que apenas um membro da família entre nos estabelecimentos. As lojas seguem fechadas.

Já em Ribeirão Preto (a 313 km da capital), o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) anunciou a prorrogação da fase emergencial restritiva, que foi iniciada na última quinta-feira (27) e terminaria nesta segunda-feira (31).

Supermercados poderão abrir as portas na quarta-feira (2), mas o transporte coletivo, por exemplo, seguirá suspenso até domingo (6) na cidade.

Na noite desta segunda, a cidade tinha 95,3% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ocupados, com 306 pacientes nas 321 vagas disponíveis. Em enfermarias, havia outras 321 pessoas, o que representa 82,95% das 387 vagas existentes.

Em Araraquara (a 273 km de São Paulo), que terminou o mês de maio com alta de 20,4% nas mortes provocadas por Covid-19 em relação a abril, o final de semana foi marcado por ações de uma força-tarefa criada para combater aglomerações e festas clandestinas.

Foram elaborados 70 autos de infração, que serão convertidos em multas, e 2 estabelecimentos foram fechados.

Segundo João Alberto Nogueira Júnior, secretário de Segurança Pública do município, o fim de semana teve muito desrespeito de estabelecimentos comerciais em relação aos horários de funcionamento permitidos. Em três festas clandestinas, jovens sem máscaras tiveram de ser dispersados pela Guarda Municipal e fiscais.