Chuvas causam deslizamentos e deixam aos menos 18 mortos em São Paulo
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domingo, 30 de janeiro de 2022
SAMUEL FERNANDES, FÁBIO PESCARINI E VICTORIA DAMASCENO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As fortes chuvas que atingem o estado de São Paulo desde a noite de sexta-feira (28) causaram deslizamentos de terra, transbordamento de rios e córregos, deixaram cidades alagadas, rodovias interditadas e ao menos 18 mortos, sendo sete crianças.
Segundo o governo do estado, desde sexta foram registradas cinco mortes em Várzea Paulista (54 km de SP), quatro em Francisco Morato, três em Embu das Artes, três em Franco da Rocha, uma em Arujá (todas na Grande São Paulo), uma em Jaú (287 km de SP) e uma em Ribeirão Preto (313 km de SP).
Em Várzea Paulista, cinco pessoas de uma mesma família morreram após a casa em que moravam ser atingida por um deslizamento de terra, por volta das 8h deste domingo (30). Segundo a prefeitura, as vítimas são um homem de 41 anos, a esposa, de 30, e os três filhos do casal um menino de 12 anos e duas meninas, de 10 e 1 ano.
Em Embu das Artes, um deslizamento de terra deixou três mortos na madrugada deste domingo. Segundo o Corpo de Bombeiros, as vítimas foram uma mulher de 45 anos e seus dois filhos um homem de 21 anos e uma menina de 4.
Antes da chegada dos bombeiros ao local do deslizamento, outras quatro pessoas já haviam sido retiradas dos escombros pela população local. Todos residiam na mesma residência, localizada na rua Jatobá.
m nota, a Prefeitura de Embu das Artes afirmou que o acidente atingiu duas casas -uma delas estava vazia e a outra onde estavam as vítimas. A prefeitura também diz que "foram interditadas 16 casas, mas algumas famílias insistem em retornar ao local de risco".
Em Franco da Rocha, a prefeitura afirmou em em suas redes sociais que três pessoas foram resgatadas sem vida de um deslizamento na rua São Carlos e que uma quarta morreu no hospital. "Até o momento, sete pessoas foram resgatadas com vida", afirmou o texto, publicado às 14h25.
A cidade registrou diversos pontos de deslizamento de terra. Moradores registraram em vídeo o momento em que uma encosta cede e a força da lama arrasta árvores. Segundo a prefeitura, três casas foram atingidas.
A cidade ainda sofre com alagamentos. Segundo a prefeitura, os rios Juquery e o Ribeirão Eusébio transbordaram e os dois lados da cidade estão inundados. Nas últimas 12 horas, choveu 115 mm na cidade.
A represa Paiva Castro atingiu 71,2% de sua capacidade no meio da tarde deste domingo e provocou "alerta máximo", segundo a prefeitura, que junto com a Sabesp está fazendo o bombeamento da água e manobras para evitar abertura de comportas. Questionada sobre os riscos, a companhia não respondeu até a publicação desta reportagem.
O Corpo de Bombeiros atuou ainda no resgate de cinco pessoas soterradas após um deslizamento de terra na Rua Paulo Brossard em Francisco Morato, também na Grande São Paulo, na manhã deste domingo. Entre as vítimas estavam duas crianças de 3 e 5 anos, um adolescente de 14 anos, e dois adultos que não tiveram a idade informada.
Os deslizamentos fizeram com que o estudante Felipe Lima, 31, anos se juntasse a um grupo de voluntários que se reuniram para ajudar as vítimas das enchentes na cidade. O grupo recebe doações, mobiliza pessoas por meio das redes sociais e realiza atendimentos médicos com profissionais da saúde que se disponibilizam a atender as vítimas gratuitamente.
Lima vive próximo ao local dos deslizamentos e viu amigos e conhecidos perderem suas casas. "São pessoas que convivem conosco no futebol, no posto de saúde, no supermercado, não são pessoas desconhecidas. Então isso termina machucando muito a gente, é como se fosse um parente nosso", diz o estudante.
O professor de artes James da Silva Barros, 22, ficou ilhado em sua residência. Apesar dos planos para o domingo, Barros não tinha como sair de seu bairro pois todas as ruas estavam tomadas pela água. Por morar em uma região alta de Franco da Rocha, sua casa não foi atingida.
"A gente não consegue sair do bairro praticamente, está tudo alagado. A única saída que temos para chegar na estação [de trem] de Franco está horrível de alagada. Sem contar que estamos sem energia", afirmou.
A chuva ainda provocou a interdição da linha 7-rubi da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) neste domingo. Os trens não circulam entre as estações Caieiras e Francisco Morato. A empresa precisou acionar o sistema Paese para atender passageiros com ônibus gratuitos.
A rodovia Anhanguera, principal ligação entre a capital e o interior do estado, chegou a ser totalmente interditada no km 30, em Cajamar, na Grande SP. A liberação da última pista ocorreu às 15h22, segundo a concessionária CCR AutoBan.
O governador João Doria (PSDB) visitou as regiões da Grande São Paulo mais afetadas pelas chuvas na tarde desde domingo e anunciou a liberação de R$ 15 milhões para dez municípios prejudicados.
"Os recursos anunciados serão destinados aos municípios de Arujá (R$ 1 milhão), Francisco Morato (R$ 2 milhões), Embu das Artes (R$ 1 milhão) e Franco da Rocha (R$ 5 milhões), na Região Metropolitana de São Paulo, e Várzea Paulista (R$ 1 milhão), Campo Limpo Paulista (R$ 1 milhão), Jaú (R$ 1 milhão), Capivari (R$ 1 milhão), Montemor (R$ 1 milhão) e Rafard (R$ 1 milhão), no interior do Estado", diz tercho de nota enviada pela gestão estadual.
INTERIOR
Algumas cidades do interior de São Paulo também contabilizam os estragos causados pelas chuvas. A cidade de Capivari (137 km de SP) decretou estado de emergência após o rio Capivari extravasar e inundar as ruas. Segundo a prefeitura, às 14h de domingo o rio atingiu o nível de 3,44 metros o transbordamento ocorre a partir da marca de 2 metros.
Segundo o balanço oficial, 23 famílias ficaram desabrigadas. Outras 30 famílias precisaram deixar suas casas em razão dos alagamentos.
Já a Prefeitura de Piracicaba (160 km de SP) informou que o rio Piracicaba em estado de emergência. Às 12h10, o nível do rio era de 4,36 metros. O limite antes de transbordar é de 4,70 metros.
A Rodovia Raposo Tavares também chegou a ser totalmente interditada no km 631 em Presidente Cauiá por causa do rompimento de uma barragem, segundo a Polícia Militar Rodoviária.

