SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Depois de passar em 2021 o Carnaval "mais esquisito" da sua vida, preso dentro de casa e sem desfiles inéditos para narrar, Chico Pinheiro, 68, afirma ter se emocionado nas gravações de Seleção do Samba, programa que ele comanda na Globo neste sábado (20) e no próximo (27), após o Altas Horas.

A atração é uma espécie de prévia da folia de 2022 e vai apresentar os sambas-enredo das 14 escolas do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo.

"Na hora que entrou a primeira escola e a bateria começou a tocar, fiquei com os olhos cheios d'água, engasguei. Ainda bem que estavam tocando e eu não precisava falar nada, porque eu não conseguiria", diz o jornalista em entrevista por telefone ao F5. "Parece que o samba trouxe de volta a esperança de uma vida sem os sobressaltos da pandemia. Um recomeço."

Pinheiro diz ter se lembrado do período de um ano e quatro meses que ficou longe da bancada do Bom Dia Brasil por causa do coronavírus --no início da pandemia, a Globo afastou todos os seus apresentadores e funcionários com mais de 60 anos, grupo considerado de risco para a doença. Após a segunda dose da vacina, eles foram retornando ao trabalho, e Pinheiro voltou aos estúdios no dia 5 de julho.

"Todo aquele período de silêncio, de recolhimento... Parece que eu estava voltando à vida [ao ouvir o samba no programa]", diz.

Seleção do Samba estreou em 16 de outubro, mostrando inicialmente como ocorre a escolha dos sambas-enredo do Carnaval do Rio de Janeiro, com apresentação de Luis Roberto e comentários de Milton Cunha e Teresa Cristina.

Com o sucesso da versão carioca, Pinheiro foi convocado para mostrar a preparação do Carnaval de São Paulo, já que há 20 anos ele narra desfiles na Globo. A diferença é que, no caso paulistano, os sambas de 2022 já tinham sido escolhidos e, portanto, o programa vai apresentá-los.

Chico Pinheiro diz que receber parte dos profissionais que trabalham nas escolas o fez recordar das centenas de visitas que já fez aos barracões das agremiações ao longo de sua carreira. "O Carnaval é importante não só pelo desfile, mas porque congrega uma comunidade e dá emprego para milhares de pessoas. É um mundo de gente que vive dessa celebração. É como se eu visse todas essas comunidades se colocando novamente em atividade", destaca.

Para ele, não há dúvidas de que a festa momesca de 2022 terá um significado diferente após a Covid-19. "Há uma emoção represada, uma emoção contida, e tenho certeza de que ela vai explodir de uma maneira maravilhosa na avenida."

Pinheiro faz questão de ressaltar que, para as gravações, foram realizados testes de detecção de Covid-19 e exigidos comprovantes de vacinação. Entre os convidados famosos que participam do programa estão o cantor Dudu Nobre, um dos autores do samba da Vila Maria, e o humorista Marcelo Adnet, que assina três sambas do Carnaval de São Paulo: da Gaviões da Fiel, da Dragões da Real e da Rosas de Ouro.

"A gente está tomando todos os cuidados, e esperamos que, quando chegar o Carnaval em 2022 [no final de fevereiro], a pandemia já tenha passado", diz ele, respondendo àqueles que afirma ele em resposta aos que têm criticado a Globo nas redes sociais por promover a folia.

"A avenida vai cantar mais do que o samba das escolas, a avenida vai cantar a vitória da vida sobre a morte. A avenida vai cantar a libertação de um tempo difícil. A avenida vai cantar o esforço coletivo para superar tudo isso e vai homenagear e reverenciar a memória de todos que perdemos", destaca.

Para ele, o Carnaval "é um pouco da vida que passa pela avenida". "É a esperança de dias melhores para o Brasil", conclui.

Neste sábado (20), a atração apresenta os sambas-enredo das escolas Acadêmicos do Tucuruvi, Colorado do Brás, Mancha Verde, Tom Maior, Unidos de Vila Maria, Acadêmicos do Tatuapé e Dragões da Real. No próximo sábado (27), será a vez de Vai-Vai, Gaviões da Fiel, Mocidade Alegre, Águia de Ouro, Barroca Zona Sul, Rosas de Ouro e Império de Casa Verde.