SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) afirmou nesta sexta-feira (25) que a Faixa Azul teve a adesão de 86% dos motociclistas que circularam pela avenida de 23 de Maio, uma das principais vias de São Paulo, durante o primeiro mês da implantação, mesmo não sendo obrigatória.

A motofaixa foi inaugurada oficialmente em 25 de janeiro e, segundo a Prefeitura de São Paulo, não houve no local nenhum acidente com vítima grave ou morte envolvendo motos no período. A meta da administração é reduzir os sinistros (como também são chamados os acidentes) em 30%.

A Faixa Azul tem cerca de 5,5 km de extensão, entre a praça da Bandeira e o complexo viário João Jorge Saad, o Cebolinha, na altura do parque Ibirapuera (zona sul). A motofaixa de 90 cm de largura fica entre as faixas 1 e 2, à esquerda, na pista em direção aos bairros. A implantação foi uma iniciativa da prefeitura na tentativa de diminuir o número de acidentes envolvendo motociclistas no local.

O balanço do primeiro mês de implantação divulgado nesta sexta mostra também, segundo a CET, que houve maior fluidez no trânsito, com redução de cerca de 10% na lentidão registrada no trecho, em comparação com 2021.

Com relação aos acidentes, a CET diz que na motofaixa foram quatro sinistros, sem vítima. A companhia afirma que eles foram causados porque não se usou a sinalização de seta ou por movimento brusco ao trocar de faixa.

Já fora da Faixa Azul foram sete, sendo quatro com vítima. A CET afirma que, nesses casos, motoristas não sinalizaram a mudança de faixa com a seta e colidiram de leve com motocicletas.

A companhia diz que a 23 de Maio tem um histórico de acidentes graves. De 2018 a 2020, foram 117 sinistros com motos envolvidas, que deixaram 129 feridos e 4 mortos. Segundo a CET, 78% das ocorrências no local envolvem motocicletas.

A 23 de Maio está entre as quatro vias com maior número de motos em circulação na cidade, atrás apenas das marginais Pinheiros e Tietê e da Radial Leste. A via chega a concentrar 50 mil motos por dia, 2.400 por hora.

A Faixa Azul não é a primeira motofaixa criada pela administração municipal em São Paulo. Durante a gestão Gilberto Kassab, uma delas foi instalada na avenida Sumaré em 2006, mas os acidentes passaram de 11 para 27 (145% de aumento). Os atropelamentos pularam de 12 para 16 (33% a mais).

Em 2010, na rua Vergueiro e na avenida Liberdade, a iniciativa foi novamente adotada, mas uma vez sem que fosse atingido o objetivo.

Documento da própria CET sustentou com uma série de dados, em 2018, que "as faixas exclusivas para a circulação de motocicletas já foram testadas e não apresentaram o resultado esperado".

Segundo a companhia, a iniciativa atual parte de um princípio diferente das demais, porque usa um espaço por onde, normalmente, os motociclistas já trafegavam, entre outros motivos.

O crescimento dos acidentes envolvendo motocicletas têm preocupado autoridades públicas e especialistas em mobilidade urbana. Em janeiro , a CET afirmou que projeção apontava que 394 motociclistas morreram no trânsito paulistano em 2021, maior número desde 2014 (440).

Reportagem em janeiro mostrou que, em 2021, cresceu também o número de acionamentos do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para socorrer acidentados no trânsito da capital paulista. Houve um aumento de 40%, chegando a dobrar no início da noite.