SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um dos cartazes colados na avenida Faria Lima com a foto do ministro da Economia, Paulo Guedes, e a frase em letras gigantes "faria loser" foi coberto com uma bandeira do Brasil em uma aparente tentativa de anular a intervenção crítica no endereço de grande parte do mercado financeiro de São Paulo.

No entanto, mesmo sem a frase, outra imagem chama a atenção no local: uma pessoa dormindo na calçada embaixo da bandeira do Brasil, entre as avenidas Faria Lima e Horácio Lafer, no Itaim Bibi, zona oeste da capital paulista.

"Não adianta. Faria Loser uma vez, faria loser sempre", comentou um internauta sobre a tentativa de apagar a manifestação. "Esse é o Brasil na versão de vocês, miséria e nacionalismo farsesco", completou.

O "faria loser" é um trocadilho com a expressão "faria limer", apelido dado a quem frequenta a região, e a palavra "perdedor" em inglês.

A ação foi realizada no doming (29) por um pequeno grupo de designers e comunicadores que assume já ter feito outras intervenções na cidade e que colou sete desses lambe-lambes ao longo da avenida.

A intervenção foi realizada em um momento em que o mercado, que se fiou no ministro da Economia nas eleições de 2018, ensaia deixar de apoiar o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), que fez campanha chamando Guedes de seu "posto Ipiranga".

Um dos integrantes do grupo, que prefere não se identificar, disse que escolheram a Faria Lima porque é ali que, segundo eles, está a base de apoio a Guedes.

A ideia do grupo é mostrar que Guedes fracassou. O integrante nega que o grupo tenha agenda político-partidária ou de movimentos sociais.

Conforme reportagem da Folha mostrou, a desconfiança do mercado em relação a Bolsonaro vem aumentando. Em evento recente realizado na XP, referências do setor financeiro demonstraram insatisfação com o presidente da República e sua gestão.

O presidente do Verde Asset Management, Luis Stuhlberger, chamou Bolsonaro de "fraco" e "refém do centrão" ao comentar a dificuldade em aprovar a reforma tributária.

Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro e diretor da ASA Investments, disse que o que está sendo feito de errado agora na economia servirá para contratar um "pibinho" no ano que vem.

Além disso, a popularidade de Bolsonaro vem diminuindo em meio à CPI da Covid, que investiga a atuação do governo federal durante a pandemia de coronavírus, e com o aumento da inflação.