SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Conhecido como o último seresteiro, o músico Carlos José morreu em maio do ano passado, aos 84 anos, em decorrência da Covid-19. Na semana passada, o Instituto Moreira Salles, o IMS, e o Instituto Memória Musical Brasileira, o IMMuB, disponibilizaram a sua discografia completa digitalizada.

A família do músico doou seu acervo, composto por 25 LPs e 47 fonogramas de gravações em 78 rotações feitas pelo cantor romântico de serestas e guarânias, estilo paraguaio e lento.

O site Discografia Brasileira, do IMS, publica uma playlist com todas as gravações em 78 rotações e um vídeo em que músicos como Chico Buarque e Joyce Moreno entoam "Esmeralda", um de seus maiores sucessos. E o portal do IMMuB disponibiliza os LPs.

"A maior alegria que Carlos José poderia ter seria -será, graças ao IMS e ao IMMuB- continuar espalhando essa cultura musical da modinha e da seresta, a doçura de um lado tão amoroso do Brasil", diz Luciana Medeiros, sua filha, para quem a discografia do pai revela "toda uma geração que acabou imprensada entre o samba, o samba-canção e a bossa nova".

Paulistano, Carlos José se mudou para o Rio de Janeiro em 1939. Na capital fluminense, ingressou na faculdade de direito, onde organizou um grupo de teatro e música que revelou, entre outros, Geraldo Vandré e Silvinha Telles.

Carlos José começou sua carreira profissional em 1957, se apresentando no programa Um Instante, Maestro, comandado por Flávio Cavalcanti. No mesmo ano, gravou seu primeiro disco, com interpretações de sambas de Maysa, Tom Jobim e Newton Mendonça.

Nos anos 1960 e 1970 fez sucesso com as serestas, e suas interpretações de "Esmeralda", "Guarânia da Saudade" e "Lembrança" eram muito tocadas nas rádios. Com o irmão, o maestro Luiz Cláudio Ramos, Carlos José lançou em 2015 o disco "Musa das Canções", com composições de Ary Barroso, Dorival Caymmi, Ataulfo Alves e Wilson Batista e com participação de Chico Buarque e Jerry Adriani.