SAO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Nesta quinta-feira (14), em que se comemora no país o Dia Nacional da Pecuária, o Instituto Escolhas lançou uma campanha que questiona o financiamento público para a cadeia produtiva de carne bovina que contribui para o desmatamento.

Segundo Sergio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, às vésperas da reunião sobre o clima da COP-26 que acontece em Glasgow no final deste mês, o Brasil precisa mostrar que está empenhado em reduzir os impactos climáticos na região antes de buscar ajuda dos países mais desenvolvidos para financiar a transição ambiental dos não desenvolvidos.

O diretor da associação aponta declarações da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, de que o país não precisa desmatar para alimentar a população -desde que a produtividade no campo aumente.

"Se o país não precisa desmatar para comer, não faz mais sentido financiar o desmatamento com dinheiro público", afirma Leitão.

No ano passado, o Instituto divulgou o estudo "Do pasto ao prato: subsídios e pegada ambiental da carne bovina", que analisa o impacto econômico e ambiental de toda cadeia produtiva. O diretor da associação diz que uma das conclusões do trabalho é o que o setor pecuário no Brasil é altamente subsidiado e tem um elevado impacto ambiental.

O levantamento aponta que, de 2008 a 2017, os subsídios do governo concedidos à cadeia de carne bovina somaram cerca de R$ 123 bilhões.

Os números revelam ainda que, no intervalo, os subsídios representaram cerca de 10% do preço médio do quilo da carne bovina. Ou seja, esse é o percentual de dinheiro público na composição do preço de cada quilo de carne bovina que chegou ao prato do consumidor no fim do dia.

"Assim como subsídios também são utilizados para atingir objetivos específicos como promover o bem-estar social, poderiam ser adotados também para estimular práticas produtivas mais sustentáveis ou a produtos mais saudáveis", aponta o estudo.

Leitão afirma que é possível zerar o desmatamento sem impactos na economia, e ao mesmo tempo investir na expansão da produção, por meio das áreas já abertas para pasto que hoje estão subutilizadas.

"Os financiamentos públicos devem ser direcionados apenas para quem produz sem desmatar", defende a campanha da associação.