Brasil poderia estar em 'intensa euforia', mas riscos fiscais e políticos afastam otimismo, diz FGV Ibre
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quarta-feira, 22 de setembro de 2021
EDUARDO CUCOLO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) O Brasil poderia estar passando por um período de intensa euforia, mas os riscos fiscais e políticos, somados aos nossos gargalos de oferta, impedem que um cenário mais otimista se concretize. A avaliação faz parte do Boletim Macro do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
De acordo com o boletim, o mundo está entrando em uma nova fase, menos assustadora que a do auge da pandemia, mas menos brilhante que a do primeiro semestre de 2021. No caso do Brasil, enquanto o impacto da crise sanitária retrocede, outros fatores contribuem para que o cenário seja "moderadamente otimista", como inflação em alta e de elevado risco fiscal e político.
O Ibre destaca que o Brasil é a única grande economia que já entrou em desaceleração, de acordo com os indicadores compostos avançados da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
No documento, a previsão de crescimento da economia foi revisada de 5,2% para 4,9% neste ano. Para 2022, caiu de 1,6% para 1,5%. A inflação deve fechar este ano em 8,7% e o próximo em 4,1%.
As prévias das sondagens do FGV Ibre de setembro também mostram queda generalizada da confiança de empresários e consumidores, tanto na avaliação sobre a situação atual como em relação ao futuro, com destaque para o componente relacionado à incerteza política.
"Diversos fatores negativos ofuscam os efeitos ainda positivos do cenário externo e da normalização da economia", afirma a instituição. "O Brasil poderia estar passando por um período de intensa euforia."
Segundo a instituição, por mais que o Banco Central se mostre determinado a cumprir o seu papel no combate à inflação, o sucesso de levar o índice de preços para a meta depende "da indispensável contribuição do governo como um todo".
Nesta quarta-feira (22), a diretoria do BC se reúne para definir o novo patamar da taxa básica de juros, que deve subir de 5,25% para 6,25% ao ano, diante da inflação acumulada em 12 meses de quase 10% até agosto.
Para o terceiro trimestre do ano, a expectativa do Ibre é uma queda de 0,1% do PIB, com o crescimento dos serviços sendo contrabalançado pela contração da indústria e da agropecuária, como ocorreu no trimestre anterior. O consumo das famílias deve crescer, mas em um cenário de queda dos investimentos.
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