Boris Johnson vê debandada de assessores em meio a crise de imagem por festas
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quinta-feira, 03 de fevereiro de 2022
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quatro assessores próximos do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, renunciaram aos cargos nesta quinta-feira (3), adicionando uma camada à crise política do premiê. Três dos nomes estão comprometidos nos escândalos envolvendo festas na sede do governo britânico, quando encontros e aglomerações estavam proibidos segundo regras do confinamento imposto como contenção da pandemia de Covid.
Entre os pedidos de renúncia, estão o do chefe de gabinete de Johnson, Dan Rosenfield, o de seu principal secretário particular, Martin Reynolds, e o de seu diretor de Comunicações, Jack Doyle. Apesar dos pedidos de desligamento, o governo anunciou que Rosenfield e Reynolds permanecerão em seus cargos por enquanto.
No início desta semana, Johnson prometeu revisar regras de Downing Street após um relatório feito pelo seu próprio governo apontar "falhas de liderança e de julgamento" por diferentes membros do governo ao permitirem a realização de eventos enquanto o país estava sob duras restrições.
O relatório também descreveu o comportamento acerca das reuniões como "difíceis de justificar", criticou os erros dos que estão "no coração do governo" --sem citar Boris diretamente-- e recomendou políticas de proibição de consumo de bebidas alcoólicas em locais de serviço público, além da criação de canais de denúncia para servidores que testemunharem irregularidades.
Boris tem frequentemente pedido desculpas pela realização dos eventos, mas as escusas não tem surtido efeito e sua popularidade vem caindo drasticamente, tanto perante aos britânicos quanto aos parlamentares, inclusive do seu próprio partido.
Para piorar a situação, ainda nesta quinta o premiê causou indignação de vários de seus colegas após acusar Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista -principal sigla de oposição ao governo- de ter permitido que o ex-apresentador da BBC Jimmy Savile escapasse da Justiça, ainda que pesasse contra ele duras denúncias de assédio sexual contra crianças.
Saville nunca foi condenado, mas após sua morte em 2011, aos 84 anos, foi revelado que ele havia abusado de centenas de pessoas, sendo que a mais jovem tinha apenas oito anos. Na época, Starmer estava à frente da Procuradoria britânica.
A acusação sem provas foi o motivo para o pedido de demissão de Munira Mirza, chefe de política do governo. Segundo ela, Johnson fez uma denúncia "enganosa" e "não havia base razoável ou justa para essa alegação", escreveu em sua carta de demissão.