Boric reúne-se com chefe da Assembleia Constituinte do Chile e diz não querer Carta partidária
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terça-feira, 21 de dezembro de 2021
SYLVIA COLOMBO
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - O presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, reuniu-se com integrantes da Assembleia Constituinte nesta terça (21), no Palácio Pereira, edifício da antiga sede do Congresso, onde a nova Carta está sendo redigida.
"Não quero uma Constituinte partidária, que esteja a serviço do governo. Estaremos no Executivo fazendo o possível para que tenham a liberdade e a independência para trabalhar de modo soberano", afirmou o recém-eleito, ao lado da presidente do órgão, a líder mapuche Elisa Loncón.
A Constituinte entra na fase final da redação do documento, que deve ficar pronto em julho e será avaliado pela população em plebiscito marcado para outubro de 2022. A data exata será decidida pelo novo Congresso, que assume em 11 de março. O próximo marco importante do órgão será a composição da nova mesa de direção. Assim, Loncón deixará o posto e será substituída por um novo presidente.
No dia anterior, Boric foi ao palácio de La Moneda para se encontrar com o presidente Sebastián Piñera acompanhado do deputado Giorgio Jackson e de sua chefe de campanha, Izkia Siches. Nesta terça, chegou ao Palácio Pereira com Camila Vallejo, deputada do Partido Comunista e aliada de Boric desde os tempos dos protestos estudantis de 2011. Ela é cotada para assumir um ministério na próxima gestão.
Questionado outra vez sobre como será o seu gabinete, o presidente eleito não quis dar nomes e afirmou que a escolha deve ser anunciada antes de meados de janeiro. Muitas pessoas se aglomeraram na porta do edifício no centro de Santiago para cumprimentar Boric, que tirou fotos e cumprimentou apoiadores.
Loncón recebeu o futuro líder chileno com um abraço apertado, imagem que fez sucesso nas redes sociais. A líder mapuche, que recebe críticas por intromissão em temas da política local, declarou-se a favor de Boric durante a campanha. No dia seguinte à eleição, voltou a reforçar que não escondia suas preferências: "Havia um discurso negacionista que afetava os avanços democráticos do país, em relação à crise climática e à situação dos direitos das mulheres", afirmou ela, em entrevista a uma rádio.
Depois da reunião, Jackson deu uma entrevista coletiva em que o tema da Previdência predominou. "Nós queremos aumentar as pensões mínimas universais, e essa é uma diferença importante entre como pensa o presidente eleito e como pensa Piñera, mas ambos conversaram muito sobre isso na reunião. Estamos conscientes de que para gastos permanentes temos que ter ingressos permanentes. E a questão de como financiar a pensão básica universal é a que nos preocupará desde o início do governo."

