BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a afirmar nesta terça-feira (8) que Vladimir Putin defendeu a soberania brasileira sobre a Amazônia quando outros países tentaram pautar o tema em organizações internacionais.

O brasileiro tem feito declarações simpáticas ao líder russo, mas o país deu votos na ONU condenando a invasão da Ucrânia. Negociadores estrangeiros temem que essa ambiguidade entre a posição diplomática e os elogios de Bolsonaro a Putin possam representar um prenúncio de uma mudança no padrão de voto do país nas Nações Unidas.

"Há poucas semanas eu estive com um dos homens mais poderosos do mundo [Putin]. Eu me lembro que, depois de quase três horas conversando com ele —essa conversa ficou entre mim, ele e os intérpretes, uma questão estratégica—, nós nos posicionamos. E me lembro muito bem da mensagem que poderia dar naquele momento. Falei: 'Presidente Putin, o mundo é nossa casa e Deus está acima de todos nós'", disse Bolsonaro, durante reunião no Palácio da Alvorada com pastores evangélicos.

"Por duas vezes tentaram relativizar a nossa soberania na Amazônia. E, com poder de veto, o presidente Putin exerceu esse poder. Não se discutiu essa relativização em nome da questão ambiental. Agradeci a ele." A Rússia é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, com poder de vetar resoluções do colegiado, mas o presidente não especificou em que situação, sob qual contexto e de que forma o líder russo teria agido nesse sentido.

Bolsonaro também voltou a citar o fato de o mundo estar conectado hoje para justificar a posição que vem tomando no conflito —ele já falou em neutralidade e equilíbrio.

"Não é fácil tomar decisões numa situação como essa. Temos aqui 210 milhões de pessoas que sentem as consequências de qualquer medida que porventura eu venha a tomar", disse. O governo brasileiro está preocupado com os efeitos do conflito e das sanções internacionais impostas contra Moscou sobre a economia brasileira; há apreensão com possíveis escassez de fertilizantes e explosão no preço de combustíveis.