Bolsonaro sugeriu conhecer responsáveis por caso Covaxin, mas não tinha força para combater, diz deputado
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sexta-feira, 25 de junho de 2021
MATEUS VARGAS
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O deputado Luis Miranda (DEM) disse à CPI da Covid nesta sexta-feira (25) que o presidente Jair Bolsonaro parecia não ter "forças para combater" as supostas irregularidades na compra da Covaxin.
"Na minha percepção, não tinha força para combater. Ele deu a entender isso", disse Miranda.
O deputado voltou a afirmar que Bolsonaro atribuiu o caso a ações de um parlamentar, mas repetiu que não lembra o nome citado pelo mandatário.
"Vocês sabem quem é, né? Sabem que ali é foda. Se eu mexo nisso aí, você já viu a merda que vai dar, né. Isso é fulano. Vocês sabem que é fulano", disse Bolsonaro, segundo Miranda.
O deputado e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo, levaram as suspeitas de irregularidade na compra da vacina indiana a Bolsonaro no dia 20 de março. Ambos depõem nesta sexta à CPI.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) perguntou se o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) é o parlamentar citado por Bolsonaro na reunião.
Miranda repetiu que não lembrava quem Bolsonaro havia citado.
Vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que a fiscal do contrato da Covaxin, a servidora Regina Célia Silva Oliveira, foi nomeada na gestão de Barros (PP-PR) como ministro da Saúde.
Dados do portal da transparência mostram que a servidora é concursada e atua na pasta há mais de 15 anos, e assumiu o seu cargo mais recente em 2018, na gestão de Barros.
O atual líder do governo também era ministro em 2017, quando a Global Gestão de Saúde recebeu R$ 20 milhões da pasta, antecipadamente, para uma entrega de medicamentos que nunca ocorreu. À época, o então ministro culpou a Anvisa e o lobby da indústria por as doses não terem sido entregues.
Ricardo Barros, a Global, e funcionários da Saúde à época respondem à ação de improbidade por causa desta compra.
Em 2021, o deputado Barros apresentou emenda a uma medida provisória para flexibilizar a análise da agência de vacinas registradas na Índia, o que beneficiou diretamente a Covaxin. O deputado nega atuar pela vacina, e afirma que parlamentares da oposição apresentaram proposta de mesmo teor.

