Bolsonaro desmarca entrevista na ONU em cima da hora e deve antecipar volta ao Brasil (1)
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terça-feira, 21 de setembro de 2021
RAFAEL BALAGO
NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desmarcou em cima da hora uma entrevista que daria à ONU News, site de notícias da entidade, após seu pronunciamento na Assembleia-Geral, nesta terça-feira (21), em Nova York.
Pela manhã, o brasileiro foi o responsável pelo discurso de abertura do evento, em que fez um relato distorcido da situação do país, cheio de acenos à sua base radical ignorando apelos por moderação feitos pela ala pragmática do governo.
Depois de falar no plenário, ele não compareceu à entrevista marcada com a equipe do site das Nações Unidas. Bolsonaro preferiu deixar o prédio da sede da ONU pouco após o pronunciamento.
Desde domingo (19), quando chegou aos EUA, o presidente tem evitado a imprensa. Até a manhã desta terça, não havia parado em nenhum momento de seus deslocamentos por Nova York para responder a questões dos jornalistas que acompanham a viagem.
Ele deu apenas duas declarações soltas, na segunda (20). De manhã, em tom de ironia, disse que seu discurso seria em braile (sistema de escrita tátil usado por cegos). À noite, voltou ao tema e afirmou que usaria a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras).
O presidente, por outro lado, fez um vídeo, publicado em sua conta no Facebook, criticando um pequeno protesto contra ele em frente à residência da missão brasileira junto à ONU, no Upper East Side, na noite de segunda. Na gravação, ele diz que há mais repórteres do que manifestantes, a quem chamou de acéfalos.
Bolsonaro não tinha eventos oficiais em Nova York em sua agenda depois da Assembleia-Geral.
À tarde, porém, ele foi com a mulher, a primeira-dama Michelle, visitar o memorial de 11 de Setembro, vizinho ao prédio One World Trade Center, onde ficavam as Torres Gêmeas os atentados completaram 20 anos em 2021.
O presidente posou para fotos com apoiadores, e seguranças do local tentaram evitar a formação de aglomerações em torno do presidente. Perguntando por jornalistas sobre um balanço da viagem e de sua fala na ONU, ele respondeu com uma crítica: Olha aí a imprensa e as distorções que vocês fizeram, então tá bom.
Há, ainda, a expectativa de que antecipe a volta ao Brasil, marcada inicialmente para as 21h (22h pelo horário de Brasília).
Além da Assembleia em si, o presidente teve poucos compromissos oficiais. Ele se encontrou com o premiê britânico, Boris Johnson, na segunda, e com o presidente polonês, Andrzej Duda, e com o secretário-geral da ONU, António Guterres, pouco antes do pronunciamento desta terça.
Em uma rede social, o Itamaraty disse que o polonês e Bolsonaro trataram do acordo do Mercosul com a União Europeia, a entrada do Brasil na OCDE e a cooperação bilateral em assuntos de defesa. Os presidentes ressaltaram o excelente momento das relações Brasil-Polônia, baseadas em valores compartilhados, como liberdades individuais, democracia e livre mercado, disse a pasta.