BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Com o hábito de lançar suspeitas sem provas sobre o sistema eleitoral brasileiro, o presidente Jair Bolsonaro usou sua live semanal desta quinta-feira (10) para desafiar o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, em relação à implantação de voto impresso.

"Se o Congresso aprovar o voto impresso, vamos ter eleições com voto impresso e ponto final. Não se discute mais este assunto. Ponto final", disse Bolsonaro.

O Congresso discute uma proposta de emenda à Constitucional sobre esse tema. Na prática, não se trata do voto impresso diretamente, mas sobre a impressão em papel de um comprovante do voto dado na urna eletrônica, que seria mantida nas eleições.

Crítico da medida, Barroso condicionou a implantação à aprovação dos parlamentares e validação do STF (Supremo Tribunal Federal).

"Cada um de nós deve respeitar a Constituição, respeitar o Parlamento brasileiro, respeitar as decisões nossas, respeitar as decisões de vocês também, do Judiciário. Não é se meter em tudo. 'Ah, se não for judicializado, vamos cumprir'. Vai cumprir, sim!", afirmou Bolsonaro.

"Se o Congresso promulgar a PEC do voto auditável, impresso, teremos eleições com voto impresso em 2022 e ponto final. Não discute mais este assunto. Não tem que ninguém dar palpite. Ninguém", completou o presidente em um tom de voz exaltado.

Em uma comissão da Câmara, Barroso disse na quarta-feira (9) que "se o Congresso Nacional decidir que deve ter voto impresso e o Supremo validar vai ter voto impresso. Mas vai piorar, a vida vai ficar bem pior". Barroso listou aos parlamentares todas as dificuldades de implantar o voto impresso no país, como o custo de R$ 2 bilhões, a necessidade de realizar licitação para compras de urnas e aquele que considerou o pior problema, o risco de quebra do sigilo.

"Os meus problemas com o voto impresso são quebra de sigilo e fraude", disse o magistrado aos deputados.

Na live, Bolsonaro chamou Barroso de "dono da verdade".

"Quer dizer que se alguém entrar com uma ação no Supremo, você vai despachar lá que 'oh, não vale a PEC aí, a emenda à Constituição dos deputados e senadores'? Não tem cabimento isso", disse Bolsonaro.

O presidente da República também afirmou que o presidente do TSE "não sabe nada".

"Vamos respeitar o Congresso Nacional. Não fica com filigranas, dando uma de uma pessoa que sabe tudo. Não sabe nada! Não sabe o que é o voto de uma pessoa numa comunidade. Não sabe como é o voto nos sertões da vida deste Brasil por aí, o que acontece", disse Bolsonaro.