Bolsonaro compara eleição a guerra e projeta Dirceu e Dilma em ministério de Lula
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segunda-feira, 31 de janeiro de 2022
NICOLA PAMPLONA
SÃO JOÃO DA BARRA, RJ (FOLHAPRESS) - A nove meses para as eleições de outubro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez mais um discurso duro contra ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu provável adversário nas eleições de outubro, e disse que o petista quebrou o país quando ocupou o Planalto (2003-2010) e quer se eleger novamente para "voltar à cena do crime".
"O mesmo cara que quase quebrou o país de vez, que destinou um prejuízo de quase trilhão da Petrobras, quer voltar a cena do crime", afirmou nesta segunda-feira (31) em Itaboraí, norte do Rio de Janeiro.
Atrás de Lula nas pesquisas eleitorais, Bolsonaro participou de cerimônia que marcou o início das operações de uma unidade de tratamento de gás da Petrobras que vai escoar produção do pré-sal. A unidade fica no Polo GasLub, antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
Em discurso, o presidente comparou a sucessão presidencial a uma guerra e classificou o PT, que governou o país entre 2003 e 2015, a uma quadrilha.
"Estamos numa guerra. Se aquele bando, aquela quadrilha voltar, não vai ser apenas a Petrobras que vai ser arrasada. Vão roubar a nossa liberdade", afirmou Bolsonaro, citando denúncias de corrupção na Petrobras que aconteceram durante os governos petistas.
Bolsonaro ainda afirmou que a eleição de Lula significará a volta de nomes como o ex-ministro José Dirceu e da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) ao centro do poder.
"Alguém acha que se o cara voltar Zé Dirceu não vai para a Casa Civil? Dilma no Ministério da Defesa? Defesa, já que ela é mandona e uma arma poderosa conhecida", disse o presidente em tom de piada, para risos da plateia.
O presidente ainda participa nesta segunda-feira de uma solenidade em São João da Barra (RJ), seguido pelos ministros João Roma (Cidadania), Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) e Bento Albuquerque (Minas e Energia).
No evento, divide o palco com o governador aliado Cláudio Castro (PL-RJ), deputados e senadores fluminenses e com a família Garotinho: os ex-governadores Anthony e Rosinha, e a deputada federal Clarissa, que têm base política na vizinha Campos dos Goytacazes.
Na cerimônia, Roma entregou simbolicamente parcela do programa social Auxílio Brasil a sete famílias da região e depois fez discurso agradecendo o presidente pelo "maior programa de transferência de renda da história do país".
Bolsonaro vai anunciar mais uma tentativa de destravar uma ligação ferroviária entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, que permitiria o escoamento de produção agrícola pelo Porto do Açu, projeto elaborado pelo empresário Eike Batista no norte-fluminense.
A empresa controladora do porto, a Prumo, pediu autorização para a construção de um ramal ferroviário de 41 quilômetros ligando seus terminais a uma região mais próxima do traçado da EF-118, conhecida como Ferrovia Vitória-Rio.
O ramal garantiria carga inicial para a ligação entre o Rio e o Espírito Santo, projeto que começou a ser estudado em 2015, chegou a ser incluído no PPI (Programa de Parcerias e Investimentos) durante o governo Michel Temer, mas permanece na gaveta.