SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após um dia de perdas nas principais Bolsas do mundo devido à aversão ao risco gerado pela crise enfrentada pela incorporadora imobiliária chinesa Evergrande, os mercados mundiais ensaiam uma recuperação nesta terça-feira (21).

A Bolsa de Valores brasileira segue esse movimento e, às 12h34, subia 0,98% , a 109.916 pontos. O dólar caía 0,75%, cotado a R$ 5,2920.

Nos Estados Unidos, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq avançavam 0,36%, 0,15% e 0,67%, respectivamente.

Na Europa, também subiam as Bolsas de Londres (0,96%), Paris (1,32%) e Frankfurt (1,25%), enquanto na Ásia, as Bolsas chinesas de Hong Kong e Xangai registraram altas de 0,51% e 1%.

Os investidores, porém, seguem atentos para as movimentações em relação à dívida da Evergrande, segundo Thayná Vieira, economista da Toro Investimentos.

A segunda maior incorporadora imobiliária da China possui ativos na casa dos US$ 355 bilhões (R$ 1,89 trilhão) e um dos principais temores do mercado é que o calote da empresa desestabilize grandes bancos e gestores de capitais.

Com os principais índices abrindo em alta nesta terça, o mercado sinaliza que deu crédito a declarações de grandes bancos e gestoras que afirmaram estar confiantes de que autoridades chinesas vão agir para impedir que esse atraso desestabilize o sistema financeiro e a economia do país, de acordo com Julia Aquino, especialista em investimentos da Rico.

Roberto Dumas, professor de economia chinesa do Insper, também avalia que o governo deverá interferir.

Segundo Dumas, a Evergrande tem papel estratégico para projetos de longo prazo que buscam o desenvolvimento econômico da China, com 1.300 empreendimentos em cidades de baixa renda. A empresa é responsável ainda pela geração de 3,8 milhões de empregos (diretos e indiretos) ao ano.

O professor reforça que o governo chinês tem forte capacidade de interferência na gestão dos ativos que compõem parte considerável da dívida da Evergrande, os WMPs (Wealth Management Products ), espécie de títulos emitidos sem garantia.

"O governo vai interferir de alguma maneira, pois pode trocar dívida por ativos", diz Dumas. "Não vai ser fácil, mas está longe de virar um Lehman Brothers porque o governo chinês vai fazer alguma coisa."

Nos Estados Unidos, o Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano) inicia a sua reunião de dois dias e, nesta quarta (22), o Fomc (comitê de política monetária do Fed) poderá informar suas decisões sobre os próximos passos da política monetária do país. Mudanças nas ações de estímulo à economia podem voltar a balançar os mercados.

"Os investidores aguardam a sinalização sobre quando Fed irá reduzir o seu programa de compra de títulos, que atualmente é de US$120 bilhões mensais", afirma Thayná Vieira, da Toro.

Em agosto, o presidente do Fed, Jerome Powell, informou que a desaceleração do ritmo de compras de títulos pode ocorrer ainda neste ano.

No Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária) inicia nesta terça a reunião de dois dias para debater sobre as diretrizes de política monetária.

Nesta quarta, o comitê irá divulgar sua decisão em relação à taxa básica de juros nacional (Selic), que deverá subir de 5,25% para 6,25% ao ano, segundo projeções do mercado.

O petróleo Brent, referência para o mercado, recuava 0,58%, com o barril cotado a US$ 73,49 (R$ 390,67).