SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Ibovespa subiu pelo sexto pregão seguido nesta quarta-feira (2), renovando a sua máxima histórica nominal, com o forte desempenho das ações de Itaú Unibanco e Petrobras.

O Ibovespa fechou em alta de 1,04%, a 129.601,44 pontos, máxima da sessão, superando os 129 mil pontos pela primeira vez.

A última vez em que o Ibovespa registrou uma série de seis altas foi no começo de novembro do ano passado. E o último registro de mais do que seis pregões consecutivos de valorização ocorreu cerca de um ano atrás.

A divulgação dos dados de PIB (Produto Interno Bruto) na véspera acima do esperado pelo mercado foi o que motivou a valorização nesta sessão.

O fôlego recente no pregão também tem como suporte o fluxo de capital externo para o mercado à vista, com maio encerrando com saldo positivo de R$ 12,2 bilhões, após abril ter registrado entrada líquida de R$ 7 bilhões.

No pregão, a ação do Itaú Unibanco valorizou-se 3,33%, tendo de pano de fundo declarações de executivos do banco no sentido de melhora na margem financeira. Também prometeram ser mais ativos em fazer aquisições e formar parceria com competidores menores. No setor, Banco do Brasil subiu 3,59% e Bradesco avançou 3,9%.

As ações ordinárias (com direito a voto) da Petrobras tiveram alta de 4,96% e as preferenciais (mais negociadas) subiram 2,82%, favorecidas pela alta do petróleo, mas também emissão pela companhia de uma nova série de títulos no mercado internacional e anúncio de que elevou em 30% refino do petróleo do pré-sal.

A BRF avançou 4,11%, em sessão marcada por novo leilão na com ações da companhia. Segundo a agência de notícias Reuters, a Marfrig comprou papéis da BRF no leilão, buscando ampliar sua fatia de 24% para até 30%. Marfrig subiu 2,6%.

B3 caiu 3,90%, após três pregões seguidos de alta. Analistas do JPMorgan cortaram a recomendação das ações para 'neutra' e o preço-alvo a R$ 21, citando volumes mais fracos, mas também especulando sobre a renúncia recente do executivo da XP José Berenguer do conselho de administração da B3 e a potencial criação de uma nova Bolsa.

Já o dólar caiu 1,20%, a R$ 5,0840, e em dois dias de forte baixa, a moeda acumula desvalorização de 2,70%. A divisa recua em seis das últimas oito sessões, período em que tem perda de 5,06%.

A última vez que o dólar fechou abaixo de R$ 5 foi em 10 de junho de 2020 (R$ 4,9398).

As vendas de dólares foram ditadas novamente por um movimento de "compra de Brasil", com dados melhores do PIB provocando um rali nos ativos domésticos.

Apesar dos ganhos recentes, o real ainda está quase 17% mais fraco que o peso mexicano no acumulado dos últimos dois anos. A moeda mexicana é muitas vezes vista como a principal concorrente do real no mundo emergente.

A economia em ritmo mais acelerado e novos riscos à inflação relativos à crise hídrica começam a guiar mais analistas a projeções de Selic de até 7,5% para 2022, com alguns vendo 6,5% ainda neste ano, o que indica que nos próximos meses o Banco Central teria de abandonar o discurso de normalização parcial da política monetária.

Victor Scalet, estrategista macro da XP, disse que a melhora do sentimento em relação ao Brasil e a expectativa de continuação de elevações de juros já têm despertado mais interesse de clientes estrangeiros para investimentos em renda fixa e bolsa do Brasil –o que prenuncia ingresso de dólares ao país.

"Nos dois casos, o Brasil ainda não é o 'queridinho' do mundo. Mas é muito sensível o aumento da quantidade de perguntas sobre o que você está olhando na curva de juros, o que você está olhando de crescimento... Esse é o primeiro sinal de que se está fazendo a lição de casa para ver se vai investir ou não. A gente está começando a ver os motores esquentando", afirmou.

O estrategista da XP disse que mesmo com a queda recente o dólar ainda pode ir mais para baixo. "Estamos numa dinâmica positiva, o fluxo comercial está muito forte. Está sobrando dólar."