SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Principal segmento da Bolsa de Valores brasileira, o setor que concentra empresas produtoras de materiais básicos era impulsionado nesta quarta-feira (2) pelas expectativas de valorização do petróleo e do aço. A elevação nos preços é consequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.

Às 15h50, o Ibovespa subia 1,92%, a 115.322 pontos. O índice de referência do mercado acionário do país era turbinado pelas altas de 6,66% da mineradora Vale e de 1,62% da Petrobras. As petroleiras PetroRio (7,32%) e 3R Petroleum (12,16%) e as siderúrgicas CSN (8,41%) e Gerdau (6,95%) também estavam entre os destaques da sessão.

Expectativas de ganhos com ações ligadas às commodities mantinham a Bolsa do Brasil atraente para investidores estrangeiros, o que significa mais dólares entrando no país. Esse movimento fazia a moeda americana recuar 0,67%, a R$ 5,12. A queda ocorria depois da divisa ter subido mais de 1% na abertura do pregão, quando havia passado de R$ 5,20.

Oscilações nos mercados de câmbio e de ações do Brasil eram esperadas após o fechamento de dois dias devido ao Carnaval, enquanto investidores globais avaliavam os efeitos econômicos das sanções impostas pelo Ocidente à Rússia.

Os contratos futuros de aço negociados na China, maior produtor mundial do produto, subiram para uma máxima de mais de duas semanas nesta quarta. Há expectativas de que o conflito Rússia-Ucrânia aumentará a demanda por aço chinês no exterior.

O preço do petróleo refletia o impacto do endurecimento das sanções contra a Rússia. O barril do Brent, referência mundial, subia 6,60%, a US$ 111,90 (R$ 574,50). Desde 2014 a commodity não superava a cotação de US$ 110.

Em relatório desta quarta, estrategistas do Citi afirmaram que, sob o ângulo da alta das commodities, é possível que moedas de países latino-americanos tenham desempenho superior ao de seus pares emergentes em meio à guerra na Ucrânia.

Os principais mercados de ações dos Estados Unidos e da Europa estavam em alta nesta quarta, enquanto os índices mais importantes da Ásia fecharam em queda.

Em Nova York, o indicador de referência S&P 500 subia 1,75%. Companhias de grande valor colaboravam com mais força para essa direção, conforme indicava a alta de 1,98% do Dow Jones.

Quanto ao índice Nasdaq, que concentra empresas do setor de tecnologia com maior potencial de crescimento, havia ganho de 1,54%.

Além de monitorar o noticiário geopolítico, investidores também reagiam a comentários do presidente do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, que indicou nesta quarta que o Federal Reserve segue no caminho de elevar os juros, apesar das tensões geopolíticas.

Powell disse que está inclinado a apoiar um aumento de 0,25 ponto percentual na reunião de política monetária de março, mas afirmou que o Fed está preparado para agir de forma mais agressiva posteriormente se a inflação não diminuir conforme o esperado.

Antes do início da guerra, porém, o mercado contava com um aumento de 0,5 ponto percentual devido à pressão gerada pela maior inflação em 40 anos.

Custos mais altos nos empréstimos tendem a desvalorizar empresas que dependem de crédito, como é o caso das companhias com maior potencial de crescimento listadas na Nasdaq.

Na Europa, os mercados de Londres, Paris e Frankfurt fecharam com altas de 1,36%, 1,59%, e 0,69%, respectivamente. A Bolsa de Moscou não abriu pelo terceiro dia nesta semana.

A Bolsa de Tóquio recuou 1,68%. Hong Kong caiu 1,84%. O principal índice de ações das empresas chinesas de Xangai e Shenzhen cedeu 0,89%.