Bolsa renova pior marca em um ano e dólar volta a subir (1)
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quinta-feira, 18 de novembro de 2021
CLAYTON CASTELANI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa de Valores brasileira renovou nesta quinta-feira (18) a sua pior marca em pouco mais de um ano.
O Ibovespa, índice de referência do mercado acionário do país, caiu 0,51%, a 102.426 pontos. Essa é a pior pontuação desde 6 de novembro de 2020, quando a Bolsa fechou em 100.925 pontos.
Na véspera, o Ibovespa já tinha atingido a pior marca desde 12 de novembro de 2020.
O dólar subiu 0,77%, a R$ 5,5690. A moeda americana teve a quarta alta consecutiva e, desde a última quinta (11), já avançou 3,05%.
O motivo da queda da Bolsa e da alta do dólar é o mesmo há dias: o mercado teme o prolongamento das discussões sobre a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Precatórios. A proposta depende da aprovação do Senado que, caso decida alterar o texto, precisará devolver o projeto para um novo debate na Câmara.
A PEC, que autoriza o presidente de Jair Bolsonaro (sem partido) a furar o teto de gastos e a dar um calote nas dívidas judiciais da União em 2022, é tolerada pelo mercado como uma saída para que o governo consiga pagar o Auxílio Brasil e, assim, possa fechar o Orçamento do próximo ano.
"A reação ruim não é sobre um questionamento técnico da proposta, mas pelo fato de que você prolonga o período de incerteza", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
O mercado acionário do país também foi prejudicado nesta quinta pelo desempenho ruim do setor de commodities.
Mineradoras e siderúrgicas se destacaram de forma negativa devido à queda no preço do minério de ferro, que foi provocada pelo aumento dos estoques do produto nos portos chineses devido à baixa demanda do país, segundo nota a Ativa Investimentos.
As ações da Vale (VALE3) caíram 4,11% e também foram as mais negociadas do pregão. A Usiminas (USIM5) registrou a maior queda da sessão, de 5,70%, seguida pela CSN (CSNA3), que cedeu 5,35%.
A Petrobras (PETR4) caiu 0,15%, apesar da alta do petróleo no mercado internacional. O barril do Brent subiu 1,02%, a US$ 81,10 (R$ 449,81).
A valorização da commodity resistiu mesmo após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pedir que a Comissão Federal de Comércio (FTC na sigla em inglês) investigue se as maiores companhias de petróleo do país, incluindo ExxonMobil e Chevron, estão envolvidas em "conduta potencialmente ilegal" que resulta no aumento dos preços da gasolina para os americanos.
Apesar da alta desta quinta, o valor do barril se distancia das máximas recentes, quando o barril bateu US$ 86 no final de outubro, destacou Rachel de Sá, chefe de economia da Rico.
A economista ressalta ainda que, em encontro virtual, na véspera, Biden e o líder chinês Xi Jinping discutiram utilizar suas reservas estratégicas de petróleo com intuito de aliviar a pressão nos preços de energia.
Em Wall Street, o Dow Jones caiu 0,17%, enquanto S&P 500 e Nasdaq avançaram 0,34% e 0,45%, respectivamente.
Os índices S&P 500 e Nasdaq fecharam em máximas recordes após altos e baixos nesta quinta, com investidores se concentrando em balanços positivos de varejistas e de empresas de tecnologia, que ofuscaram comentários de um integrante do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) que reforçaram a possibilidade de elevação das taxas de juros em meados de 2022.
A fintech brasileira de meios de pagamentos Stone recuou 7,1% no mercado americano, um dia depois de ter liderado as perdas na Nasdaq com uma queda de 34,6%.
A Stone acumula perdas desde a apresentação dos resultados do terceiro trimestre, na última terça-feira (16).
A companhia registrou lucro líquido ajustado de R$ 132,7 milhões no período, uma queda de 53,9% sobre o resultado de um ano antes, segundo o balanço. Analistas, em média, esperavam lucro líquido de R$ 193 milhões.