SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Sem poder desfilar pelas ruas da capital paulista pelo segundo ano, blocos paulistanos usaram as redes sociais para marcar posição entre os que defendem o "não Carnaval" e os que convocam os seguidores para festas fechadas.

Devido ao cancelamento do carnaval de rua, que impulsionou a programação de festas pagas no feriado, alguns organizadores de blocos criticam o que chamam de "cancelamento seletivo", que, na prática, define quem tem e quem não tem direito à folia.

Em São Paulo, a prefeitura chegou a anunciar o cadastramento dos blocos de Carnaval, mas recuou no começo de janeiro após o avanço da variante ômicron. Antes do anúncio oficial, os blocos já haviam cancelado os desfiles por falta de um plano da administração municipal para garantir a segurança sanitária dos foliões.

Na manhã deste sábado (26), quando estaria dando a largada ao desfile na esquina das avenidas Ipiranga e São João, o bloco Tarado ni Você publicou um texto em que defendeu o não Carnaval para preservar as medidas sanitárias. "Nós não estamos no palco. E nem no trio. E nem em uma festa fechada. Porque a gente acredita que o Carnaval em si se dá na rua. É lá que os encontros acontecem", diz a publicação nas redes sociais.

A dupla Alessa e Yumi, do bloco Ritaleena, desejou um "bom não Carnaval" na página do bloco nas redes sociais. "O Carnaval dentro da gente tem todo dia, tem em todos os lugares", escreveu.

A página do bloco Minhoqueens, que costuma atrair milhares de foliões pelas ruas do centro da capital paulista, é usada pelos seguidores para discutir sobre compra e venda de ingressos para a apresentação do bloco em uma casa noturna.

O músico e fundador do bloco A Espetacular Charanga do França, Thiago França, avisou seus seguidores nas redes sociais que o primeiro lote de convites da apresentação da banda em uma cervejaria havia esgotado, mas seriam vendidos ingressos na porta a R$ 60.

O Agrada Gregos, que desfila na Vila Mariana, também convoca os foliões para a festa paga em uma casa noturna.

O bloco afro Ilú Obá de Min, que tradicionalmente abre os festejos na sexta de Carnaval no centro da cidade, tem usado suas redes sociais para divulgar cursos sobre orixás e danças africanas.

As redes sociais do bloco Esfarrapado, o mais antigo em atividade de São Paulo, que costumam anunciar os desfiles, deram lugar a fotos históricas que fazem parte da exposição de 75 anos do grupo.

Outro bloco tradicional, o Urubó, que sai na Freguesia do Ó, divulga a apresentação na quadra da escola de samba Rosas de Ouro com entrada paga.