SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Maior gestora de investimentos do mundo, a BlackRock continua observando com cautela mercados emergentes como o Brasil, segundo um novo relatório em que analisa as perspectivas para o próximo ano e revê suas recomendações para investidores, que será divulgado nesta segunda (13).

​A empresa, que administra US$ 9 trilhões em investimentos, segue otimista com a situação da China, mas mantém recomendação neutra para ações de outros mercados emergentes e títulos de dívida emitidos por empresas e governos desses países para captar recursos no mercado externo.

A BlackRock aponta perspectivas favoráveis para investimentos em renda fixa nos mercados domésticos, com recomendação moderadamente positiva. Para a empresa, a elevação das taxas de juros em lugares como o Brasil tornará mais atraentes os rendimentos de títulos de empresas e governos.

Lista de cotações de empresas com ações negociadas na bolsa, incluindo os códigos das empresas, os preços das ações e variações. As variações positivas estão em verde e as negativas em vermelho.

​Axel Christensen, estrategista-chefe da BlackRock para a América Latina, diz que a maioria dos mercados emergentes está se recuperando lentamente dos efeitos da pandemia do coronavírus e isso prejudica as perspectivas de crescimento das suas empresas, inibindo os investimentos em ações.

"Países que já estavam em situação mais frágil antes da pandemia não tiveram a mesma capacidade dos mais avançados para lidar com o desemprego e outras questões, e agora estão saindo da crise com cicatrizes permanentes e novos problemas, como a inflação alta", afirma Christensen.

A BlackRock prevê que o retorno proporcionado por aplicações em renda fixa com a alta dos juros em países como o Brasil continuará atraente mesmo se o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, também começar a elevar as taxas de juros no próximo ano para conter a inflação.

"Os investidores esperam da renda fixa um fluxo de rendimentos consistente e se importam menos com crescimento", diz Christensen. "As taxas oferecidas por países como o Brasil, a Colômbia e a Rússia estão muito atraentes e parecem compensar os riscos envolvidos."

As incertezas criadas pelas eleições presidenciais e pelo enfraquecimento dos mecanismos de controle das contas públicas no Brasil preocupam menos, segundo o estrategista da BlackRock. "Ciclos eleitorais fazem parte do cenário e boa parte do risco político já está no preço", afirma.

Para Christensen, no longo prazo o mais importante para os investidores será a volta do crescimento econômico. "As projeções para o Brasil no próximo ano são muito modestas", diz. "Para além do ciclo eleitoral, o que interessa para eles é saber como o país retomará uma trajetória de crescimento."