SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Bispos católicos dos Estados Unidos recuaram em um confronto com o presidente Joe Biden nesta quarta-feira (17), quando aprovaram um novo documento sobre o direito à comunhão.

O texto enfatiza a tradicional posição de que católicos que contrariam o ensino da Igreja sem se arrepender devem se abster da eucaristia, mas a repreensão direta a políticos que apoiam o direito ao aborto, algo esperado pela ala mais conservadora, não foi incluída.

O teor do documento gerava expectativas. Em junho, quando os bispos votaram e aprovaram que um texto com orientações sobre a comunhão fosse redigido, o episódio foi considerado uma derrota para Biden e mais um exemplo das divisões internas na igreja americana.

O tema da comunhão do líder democrata, segundo católico a assumir a Casa Branca, está em discussão nos EUA desde que Biden tomou posse. O ponto sensível é o apoio público do chefe de Estado ao direito ao aborto, algo condenado pela Igreja Católica. Parte dos bispos americanos defende que ele não deve receber a eucaristia.

O documento aprovado pelos bispos por ampla margem em uma reunião em Maryland não menciona explicitamente Biden ou qualquer outro político pelo nome e não enfoca a questão do aborto. Diz que os católicos que exercem autoridade pública "têm uma responsabilidade especial" de seguir a lei moral da Igreja, mas não estabelece uma orientação que impeça o presidente de receber a eucaristia.

Em outubro, o presidente americano teve um encontro com o papa Francisco no Vaticano. O aborto não foi tema da conversa, mas, segundo Biden, Francisco afirmou que ele deveria continuar recebendo a comunhão.

Antes, quando questionado, o pontífice disse a jornalistas que considera o aborto um "assassinato". Criticou, porém, a posição dos bispos católicos americanos por lidarem com o tema da comunhão de forma política, em vez de pastoral.