'Autonomia médica não é licença para experimentação', afirma ex-secretária Luana Araújo
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quarta-feira, 02 de junho de 2021
JULIA CHAIB E RENATO MACHADO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em depoimento à CPI da Covid, a ex-secretária extraordinária de enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde Luana Araújo criticou o uso da hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19 e afirmou que a autonomia médica para prescrever "não é licença para experimentação".
"Nós temos estudos que mostram que a mortalidade mostra que existe um aumento da mortalidade com o uso da cloroquina e hidroxicloroquina. Quando a gente transforma isso em uma decisão pessoal é uma coisa, quando você transforma isso numa política pública é outra", afirmou.
"É preciso que a gente entenda uma coisa muito séria: autonomia médica faz parte da nossa prática, mas não é licença para experimentação. A autonomia precisa ser defendida sim, mas com base em alguns pilares, do conhecimento, da plausibilidade teórica, do volume de conhecimento científico acumulado até aquele momento, da ética e da responsabilização", completou.
"EXTREMA VULNERABILIDADE"
Em depoimento à CPI da Covid, a ex-secretária extraordinária de enfrentamento à Covid Luana Araújo afirmou que os líderes devem enfrentar a pandemia orientando a população com "informações corretas".
A médica foi questionada especificamente a respeito das falas do presidente Jair Bolsonaro. Evitou responder diretamente, mas afirmou que "qualquer pessoa" que defenda medidas sem comprovação científica coloca em risco a sua população.
"Quando falei na minha apresentação inicial que a pandemia é uma oportunidade de multiplicação de lideranças é porque a gente precisa multiplicar lideranças com informações corretas", disse.
"Na hora que qualquer pessoa, independente do seu cargo e de sua posição social, defende algo que não tem comprovação científica você expõe a população de seu grupo a uma situação de extrema vulnerabilidade. Todo mundo que diz isso tem responsabilidade sobre o que acontece depois. ", completou.