SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após permanecer parada ao longo deste ano, a Audi vai reiniciar a produção de veículos em São José dos Pinhais (PR). A retomada está prevista para o início do segundo semestre de 2022, com a montagem dos modelos Q3 e Q3 Sportback.

O anúncio foi feito nesta terça (14), na Audi House of Progress, em São Paulo. O espaço foi o primeiro showroom da marca alemã no Brasil, quando Ayrton Senna tornou-se representante da empresa no país, em 1994.

A fábrica faz parte do complexo industrial da Volkswagen no Paraná. A capacidade inicial da Audi será de 4.000 unidades por ano.

"Fizemos muitos estudos e achamos um caminho. A partir de meados de 2022, produziremos dois veículos em versões inéditas", disse Johannes Roscheck, presidente da Audi no Brasil.

A produção havia sido interrompida em janeiro de 2021. A linha de montagem permaneceu parada ao longo do ano, e o retorno foi vinculado ao recebimento de uma dívida gerada durante o programa Inovar-Auto, que vigorou de 2012 a 2017.

O valor deveria ser pago pelo governo como estorno de tributos.

Criado no governo Dilma Rousseff (PT), o Inovar-Auto tinha o objetivo de estimular a produção nacional. Uma das promessas do plano era devolver às montadoras que investissem na fabricação no Brasil os trinta pontos percentuais pagos sobre o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na venda de modelos importados.

Dos cerca de R$ 300 milhões retidos desde o governo Dilma, entre 70% e 80% eram devidos à Audi.

Roscheck afirmou que não foi fácil convencer a matriz, mas foi possível evoluir nas negociações para o estorno. Apesar disso, os valores retidos ainda não começaram a ser pagos.

A montadora confirmou ainda o investimento de R$ 20 milhões na instalação de pontos de recarga rápida em suas concessionárias. A empresa tem apostado na importação de carros elétricos, como o modelo e-Tron.

Contudo a produção nacional será focada em carros com motores 2.0 turbo a combustão, movidos a gasolina.

Espera-se a chegada de versões híbridas que possam rodar com etanol conciliado à eletricidade, o que deve ocorrer na segunda metade desta década. O grupo Volkswagen será o polo global de desenvolvimento de tecnologias baseadas em biocombustíveis, de olho no mercado interno e também em países como a Índia.

Não há, contudo, previsão para montagem nacional de automóveis 100% elétricos.

"A Audi vai virar uma marca elétrica de qualquer forma, mas temos que pensar no momento certo de fazer isso no Brasil", disse o presidente da Audi no país.

A montadora alemã já tinha sua linha de montagem no país, instalada no complexo paranaense do grupo Volkswagen. De lá saíram versões hatch do modelo A3, produzidos entre 1999 e 2006.

O anúncio da retomada foi feito em setembro de 2013, com um investimento de R$ 500 milhões. Contudo o mercado estava em crise quando o primeiro A3 Sedan nacional chegou às lojas, no fim de 2015.

A Audi não divulgou qual será o investimento para a retomada e nem quantos funcionários serão contratados. O retorno ocorre em um ano de eleições majoritárias, o que é uma boa notícia para o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).

"Se a gente não atrapalhar, já é um grande negócio", disse o governador, que esteve presente no anúncio.

Com a retomada da produção, Audi e BMW seguem como as duas marcas premium alemães que montam carros de passeio no Brasil.

A Mercedes encerrou a fabricação dos modelos Classe C e GLA em Iracemápolis (interior de São Paulo). As últimas unidades foram concluídas no fim de 2020.

A linha de montagem havia entrado em operação em março de 2016, após um investimento de R$ 600 milhões. A planta foi vendida para a chinesa Great Wall, Que iniciará a fabricação de seus carros em 2023.