Atividade econômica cresce 0,6% em julho, diz Monitor do PIB da FGV (1)
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sexta-feira, 17 de setembro de 2021
LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A atividade econômica do país avançou 0,6% em julho, frente a junho, indica o Monitor do PIB, calculado pelo FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas). Na comparação com julho de 2020, houve alta de 6,6%, conforme os dados divulgados nesta sexta-feira (17).
A pesquisa ainda traz recorte trimestral. Conforme o monitor, a atividade cresceu 0,3% no trimestre móvel encerrado em julho, frente ao imediatamente anterior, finalizado em abril. Na comparação com o mesmo trimestre de 2020, o crescimento foi mais elevado, de 9,6%.
O pesquisador Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB, salienta que, em relação a períodos imediatamente anteriores, a atividade dá sinais de melhora, mas ainda fracos, quase em estagnação.
A economia está melhorando, mas continua com taxas próximas de zero. Está de certa forma estagnada, analisa.
As taxas maiores de crescimento frente ao ano passado estão relacionadas à base de comparação depreciada, pondera Considera. No início do segundo semestre de 2020, a economia ainda era abalada pelos efeitos da chegada da Covid-19.
O Monitor do PIB busca antecipar o ritmo da atividade econômica no país. O resultado oficial do PIB é calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O dado mais recente divulgado pelo IBGE é referente ao segundo trimestre deste ano, quando o PIB encolheu 0,1%.
Conforme o levantamento do FGV Ibre, o setor de serviços, o principal da economia sob a ótica da oferta, cresceu 0,6% em julho, frente a junho. Esse segmento havia sido atingido em cheio pelas restrições na pandemia, já que reúne atividades que dependem da circulação de clientes, incluindo bares, restaurantes e hotéis. Com a vacinação contra a Covid-19, a tendência é de melhora nos negócios até o final do ano.
A agropecuária, segundo o Monitor do PIB, também avançou 0,6% em julho, frente a junho. Já a indústria, que registra falta de insumos e aumento de custos, teve queda de 1,1%.
O consumo das famílias, principal componente do PIB pela ótica da demanda, cresceu 1,2% em julho, ante junho. Também houve alta no consumo do governo, de 6,7%.
No sentido contrário, os investimentos produtivos na economia brasileira, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo, caíram 5,3%. No setor externo, as exportações tiveram retração de 9,7%, enquanto as importações subiram 6,8%.
O avanço da vacinação contra a Covid-19 é considerado um estímulo para a economia no segundo semestre, embora haja uma série de ameaças no radar. Escalada da inflação e crise hídrica estão entre elas, sublinha Considera.
A falta de chuva preocupa porque eleva os custos de geração de energia elétrica. O reflexo é a pressão sobre a inflação, já que a conta de luz fica mais cara. Além disso, a seca prolongada também traz o risco de racionamento e até falta de energia, caso não haja melhora no quadro de chuvas.
Temos dois problemas sérios. Um deles é econômico, a inflação, que tira poder de compra e afeta o consumo das famílias. O segundo aspecto é a crise hídrica, que provoca um enorme impacto na economia, observa Considera.
Desemprego elevado e tensão política protagonizada pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) também preocupam analistas. Em meio a esse cenário, instituições financeiras passaram a reduzir as estimativas para a alta do PIB. Uma nova rodada de revisões feita nos últimos dias já projeta crescimento abaixo de 1% em 2022.
A crise política eleva incertezas entre os agentes econômicos, o que joga contra os investimentos produtivos na economia, importantes para a melhora do emprego. No segundo trimestre, dado mais recente à disposição, o Brasil tinha 14,4 milhões de desempregados.
O IBC-Br, divulgado pelo BC (Banco Central), também indicou alta de 0,6% na atividade econômica em julho, na comparação com o mês anterior.

