Argentina tem bom comparecimento em dia de eleição legislativa
PUBLICAÇÃO
domingo, 14 de novembro de 2021
SYLVIA COLOMBO
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Num domingo de calor e muito sol em Buenos Aires, houve bom comparecimento às urnas para as eleições legislativas argentinas. Serão renovados a metade da Câmara de Deputados e um terço do Senado. O governo peronista procura diminuir a derrota que sofreu com a vitória da aliança oposicionista Juntos por el Cambio nas últimas primárias, em setembro.
Até as 16h, duas horas antes do encerramento das urnas, mais de metade dos eleitores aptos já haviam votado.
O presidente Alberto Fernández votou na UCA (Universidad Católica Argentina), em Puerto Madero, pela manhã. "Tudo está se desenrolando com tranquilidade, e o que mais pedimos aos argentinos é que saiam e se expressem para que possamos construir o país que queremos. O mais importante é que o povo se expresse. E à noite escutaremos o que disseram. Nós sempre tivemos o diálogo aberto, não somos nós os que não queremos diálogo", afirmou, em referência à oposição.
O líder da aliança opositora favorita neste pleito, Mauricio Macri, afirmou que "os próximos dois anos vão ser difíceis para a Argentina, mas a Juntos por el Cambio vai atuar com muita responsabilidade, ajudando para que a transição seja feita do modo mais ordenado possível, para que se possa voltar a colocar o país no rumo correto."
O deputado Máximo Kirchner, filho da vice-presidente, Cristina Kirchner, afirmou que o peronismo não foi bem nas primárias porque o governo "tomou medidas para atacar as consequências econômicas do macrismo e da pandemia, não tomou medidas para ganhar eleições", afirmou. Cristina não viajou a Santa Cruz, onde tem residência, para votar, porque se encontra em recuperação por uma cirurgia recente.
Já Diego Santilli, favorito para vencer na Província de Buenos Aires, o distrito mais disputado do país porque tem 38% dos eleitores da Argentina, afirmou que o Juntos por el Cambio é "a oposição com responsabilidade", numa tentativa de descolar sua candidatura da oposição de ultradireita representada pelo economista Javier Milei.
O resultado desta noite pode levar o governo a realizar mais mudanças no seu gabinete de ministros, como já ocorreu em setembro, após a derrota nas primárias. Nessa ocasião, foram nomeados políticos próximos a Cristina Kirchner e vinculados com os interesses dos governadores das províncias. Um dos ministros em foco é Martín Guzmán, que está cuidando de um acordo de reestruturação com o FMI, por conta da dívida de US$ 44 bilhões que o país tem com a entidade.
Fernández e Cristina têm visões diferentes sobre o modo de tratar a dívida. O presidente crê ser necessário reestruturar e realizar o pagamento, enquanto a vice aposta por ganhar mais tempo e, com isso, poder usar mais fundos para os gastos sociais.
Na economia, o país encontra uma tarefa difícil. A inflação está acumulada em 52,5% ao ano e o desemprego, na casa dos 20,2%, enquanto 40% da população estão na pobreza. Para conter a cifra e a tensão social, o governo apostou num congelamento de preços de 1.400 produtos que irá até janeiro.
Do ponto de vista político, uma derrota do peronismo pode fazer com que os governistas fiquem sem a possibilidade de ter quórum para iniciar uma sessão no Senado sem o apoio da oposição. Se também perder cadeiras entre os deputados, o peronismo pode ver o comando da Câmara, chefiada hoje por Sergio Massa, mudar de lado, o que colocaria um opositor na linha de sucessão presidencial.

