SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Dois anos após ter suspendido as aulas presenciais, a USP (Universidade de São Paulo) voltou a receber os alunos nesta segunda (14). Parte deles, no entanto, foi informada que continuará com atividades a distância por falta de espaço físico.

Estudantes do curso de letras, o maior da universidade, foram informados que as aulas continuam de forma remota, ao menos até 28 de março, por que não há salas em número suficiente para recebê-los de forma segura.

"Tiveram dois anos para se organizar, preparar os prédios para nos receber bem, mas não fizeram. Fomos informados de última hora que as aulas não seriam presenciais na próxima semana", conta Stefani Casarin, 18. Ela está no 1º ano de letras e se mudou de Goiânia para São Paulo para estudar.

Em nota, a direção da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) disse que antes da pandemia tinha espaço para acomodar todos os estudantes, mas, para garantir o retorno mais seguro , alguns cursos decidiram reorganizar as salas de aula para garantir o distanciamento de um metro.

"Tal medida subtraiu boa parte das carteiras em sala de aula e assim houve a necessidade de se conseguir mais espaços. Frente à nova realidade de distanciamento nas salas e demandas de espaços, a direção da FFLCH buscou salas em outras unidades da Cidade Universitária, que começaram a ser disponibilizadas no fim da semana passada", disse em nota.

Ainda segundo a direção, a busca por novas salas de aula só pode ser iniciada após a matrícula dos novos alunos.

Para os estudantes, a continuidade das aulas de forma remota foi desanimadora. "Estava tão empolgada por começar a faculdade com aulas presenciais, conhecer os professores, sentir a faculdade. Infelizmente, fomos informados que ainda não vai ser assim porque não conseguiram se organizar", disse Gabriela Fernandes, 18, aluna do 1º ano de letras.

A direção da faculdade não informou se a falta de salas afeta outros cursos. Em nota, afirmou que os alunos de letras, assim como os demais, terão aulas presenciais "a partir de março de 2022", sem informar uma data específica.

A FFLCH é uma das maiores unidades da USP e recebe anualmente quase 15% de todos os ingressantes de graduação da universidade. Letras é o maior curso, concentra metade dos alunos da faculdade e 60% das disciplinas ofertadas.

Em outras unidades, a previsão é de que as aulas sejam totalmente presenciais. É o caso da Poli e da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo). Os alunos, no entanto, ainda não sabem se as salas serão organizadas da mesma forma como ocorria antes da pandemia.

"Nas aulas do ciclo básico, como cálculo, as turmas eram muito cheias. Já era desconfortável mesmo antes da pandemia, porque são salas pequenas, com pouca ventilação e mais de 60 alunos. Espero que tenham mudado essa organização", disse Luis Antonio Silva, 20, estudante do 3º ano de engenharia civil da Poli.

A USP, assim como as outras duas universidades estaduais paulista, decidiu continuar com a obrigatoriedade do uso de máscara dentro de seus campi e também de exigir o comprovante de vacinação dos estudantes. Nesta segunda, a maioria das pessoas que circulavam pela Cidade Universitária usava a proteção mesmo nos locais abertos.