Alívio sobre variante ômicron inspira altas nos mercados globais (1)
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segunda-feira, 06 de dezembro de 2021
CLAYTON CASTELANI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa de Valores brasileira subiu 1,70% nesta segunda-feira (6), a 106.858 pontos, alcançando a sua maior pontuação desde 11 de novembro. O dólar avançou 0,28%, a R$ 5,6930, impulsionado pelo fortalecimento global da divisa.
O Ibovespa, referência do mercado acionário doméstico, respondeu de forma positiva à redução da pressão sobre o risco fiscal após a aprovação da PEC dos Precatórios pelo Senado, na semana passada, e, principalmente, ao noticiário relativamente tranquilizador desta segunda sobre os efeitos da variante ômicron do coronavírus.
Um estudo inicial com pacientes hospitalizados na África do Sul indicou que os sintomas são leves quando comparados aos provocados por outras variantes. O principal conselheiro do governo para a pandemia, Anthony Fauci, deu força ao otimismo ao declarar que a ômicron não parece ser muito severa.
As aéreas Gol e Azul dispararam 11,34% e 10,57%, nessa ordem, na Bolsa brasileira. Também beneficiada pela reabertura, a operadora de Turismo CVC subiu 5,87%.
Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq avançaram 1,87%, 1,17% e 0,93%, respectivamente.
Empresas ligadas ao turismo e ao transporte lideraram os ganhos no mercado americano. As companhias de cruzeiros Norwegian e Royal Caribbean dispararam 9,51% e 8,22%. A aérea United saltou 8,32%. As fabricantes de vacinas Moderna e Pfizer caíram 13,49% e 5,14%.
"O movimento de alta de hoje no Brasil e no exterior está muito ligado à reabertura econômica, com a redução das tensões sobre a necessidade de eventuais novas medidas restritivas para evitar infecções por Covid-19", diz Leon Abdalla, analista de investimentos da Rio Bravo.
Além disso, os mais importantes produtores de commodities para o mercado doméstico apresentaram altas. A Vale teve forte ganho de 5,54%, em um dia de valorização dos contratos futuros de minério de ferro.
No mercado de petróleo, o barril do Brent saltou 5,08%, a US$ 73,43 (R$ 417,60). Isso ajudou a Petrobras a subir 0,63%, mesmo em um dia em que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu novo processo para investigar declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a Petrobras. É o terceiro procedimento envolvendo o presidente e a estatal em pouco mais de um mês.
Estimativas de alta de 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic) tiveram efeito marginal no desempenho da Bolsa, ante o entusiasmo de investidores com as notícias sobre a ômicron.
DÓLAR ALCANÇA MAIOR COTAÇÃO DESDE 13 DE ABRIL
O dólar, que fechou em alta de 0,28%, a R$ 5,6930, alcançou a sua maior cotação desde 13 de abril, quando superou os R$ 5,71. Na máxima do dia, a divisa chegou a R$ 5,7020.
A expectativa de antecipação do aumento dos juros básicos nos Estados Unidos vem provocando uma valorização global do dólar e isso explica a alta frente ao real desta segunda, segundo Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.
"A melhora na atividade econômica [nos Estados Unidos] sugere elevação de juros", diz Consorte.
O Fed (Federal Reserve, o banco central americano) tem feito avaliações mais rigorosas sobre a necessidade de elevar os juros para combater a alta da inflação no país, que está no maior nível em 30 anos, e tende a ganhar mais impulso com o aquecimento da economia neste final de ano.
No mercado de criptomoedas, o bitcoin se recuperou da baixa do encerramento da semana e, ao final do dia, subiu 3,62%. Desde que notícias sobre a nova variante do coronavírus passaram a impactar investidores, em 26 de novembro, a criptomoeda acumulou 10% de perdas. No ano, porém, os ganhos estão perto de 80%.