BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O político mineiro Alexandre Silveira (PSD-MG) confirmou nesta quinta-feira (20) que foi convidado para ser líder do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Senado. No entanto, recusou momentaneamente a proposta, alegando que ainda não assumiu formalmente o mandato de senador.

Nos bastidores, entretanto, políticos afirmam que o adiamento da resposta oficial se deu porque Silveira pretende discutir a questão mais aprofundadamente com o seu partido e com o presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab. Também vai pesar na decisão a posição do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de quem é aliado próximo e com quem mantém laços de amizade.

Muitos pessedistas mantiveram nesta quinta-feira a posição de que "não é muito provável" que ele assuma o cargo.

Silveira é senador suplente e vai tomar posse em fevereiro, assumindo a vaga de Antonio Anastasia (PSD-MG), que ganhou eleição para se tornar ministro do TCU (Tribunal de Contas da União). A sua indicação para a liderança do governo foi vista como uma sinalização de aproximação do governo com o presidente do Senado.

A iniciativa, por outro lado, enfrenta resistência dentro do PSD e pode se chocar com os planos nacionais da legenda, que pretende lançar Pacheco candidato a presidente da República.

"Recebi do presidente da República o convite para assumir a liderança do governo no Senado. Acredito que o convite se deu pela nossa capacidade de diálogo e disposição para discutir os projetos que interessam aos brasileiros, acima de qualquer ideologia ou questão partidária", escreveu Silveira em rede social.

"Mas como não estou investido do cargo de senador da República, não posso considerar a avaliação da proposta no momento. Meu objetivo é, com responsabilidade e muito trabalho, cumprir um mandato que orgulhe os mineiros e as mineiras, independente de governos ou ideologias", completou.

O nome de Silveira é defendido por diversos ministros da área técnica do governo. O político mineiro tem bom trânsito com o Palácio do Planalto e também com outras bancadas no Senado.

Um aliado brinca que ele já era o "líder do governo de fato", porque é o responsável por lidar com a distribuição de emendas entre os senadores. Silveira é atualmente diretor de assuntos técnicos e jurídicos do Senado, trabalhando diretamente com Pacheco.

Além de ocupar o cargo, Silveira também é o presidente do PSD mineiro e secretário-geral da legenda a nível nacional. Por isso aliados de Pacheco e também do presidente Gilberto Kassab defendem que seria incongruente ele aceitar a posição de líder de um governo, contra o qual pretendem concorrer nas eleições presidenciais.

Aliados do presidente do Senado também resistem à ideia de o líder do governo ser alguém próximo a Pacheco --assim como consideram que a mesma lógica valeria para o cargo de líder da oposição.

Alguns ainda veem na iniciativa não uma tentativa de aproximação com o presidente da Casa, mas sim uma forma de constrangê-lo.

Um aliado de Pacheco ainda lembra que o presidente do Senado foi um dos principais articuladores da candidatura de Anastasia para a vaga no TCU, que vai possibilitar a posse de Silveira no Senado. Também conta contra a aceitação o fato de que Silveira é pré-candidato à reeleição no Senado nas eleições de outubro, portanto não poderia se indispor com as demais lideranças do PSD.

Por outro lado, existe também a avaliação de que Silveira teria vontade de assumir o cargo, como forma de ganhar visibilidade para ser eleito senador, em outubro. Por isso lideranças do PSD estão dispostas a ouvi-lo, conhecer seus argumentos antes de tomar uma posição.

Um defensor da ideia lembra que o senador Carlos Viana (MDB-MG), que deixou o PSD em dezembro, era vice-líder do governo e ninguém o pressionava a abrir mão do cargo, mesmo após o início das conversas que ligavam Pacheco a uma candidatura ao Planalto.

O senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO) afirma que seria bom partido deter a liderança do governo e acrescenta que Silveira seria "um bom nome", por ser um político hábil e conciliador.

O cargo de líder do governo no Senado está vago desde 15 de dezembro, quando o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) anunciou que deixaria o posto. O motivo foi justamente a escolha de Anastasia para a vaga no TCU.

O então líder do governo pleiteava o cargo, mas acabou com apenas sete votos na eleição que definiu a indicação do Senado para a vaga no TCU, enquanto Anastasia foi o escolhido com 52. Sua permanência se tornou ainda mais improvável após as notícias de que governistas articularam em favor de outros candidatos, como fez o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente da República.

Interlocutores apontam que a vaga de líder do governo é almejada por dois outros senadores próximos ao Planalto, os vice-líderes do governo Jorginho Mello (PL-SC) e Marcos Rogério (DEM-RO).