SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) dá como irreversível sua decisão de tentar uma vaga na Assembleia Legislativa de São Paulo, em vez de buscar a reeleição, como queria o partido. Ele diz que ficou "muito desiludido com o que acontece em Brasília" e pretende ficar perto da família.

"Não faço parte daquele lixo que se tornou a Câmara dos Deputados, com tantas coisas acontecendo, votadas com Orçamento secreto, liberações absurdas de emendas. A maioria dos deputados está lá parece que contratada por seus partidos para apertar um botão sim ou não", afirma.

Eleito na onda de Jair Bolsonaro em 2018, o parlamentar rompeu com o presidente e migrou para o grupo político do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

O presidente estadual do partido e também secretário da gestão Doria, Marco Vinholi, informou que, se a vontade do filiado for mesmo a de sair postulante a estadual, ele terá legenda para concorrer.

Segundo Frota, que recebeu 155 mil votos, pesquisas internas da sigla mostraram que ele teria condições de conquistar mais um mandato.

"Se fosse para deputado federal, seria reeleito. Para estadual, serei eleito", afirma, convicto. "Ainda que metade dos bolsonaristas tenha ido embora, eu reconquistei uma fatia enorme de pessoas que assim como eu se desiludiram com Bolsonaro e o bolsonarismo."

Declarando-se independente em relação ao governo federal, ele avalia que sua missão agora é "trabalhar pelo estado de São Paulo", que o acolheu em 1991, quando deixou o Rio de Janeiro. "Aqui construí minhas coisas, minha família, tenho meus amigos. Quero retribuir."

O tucano diz ainda que apostará "todas as suas fichas" na eleição do atual vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB), para o Palácio dos Bandeirantes em 2022 e que espera um chamado de Doria para atuar na pré-campanha presidencial.

"Vou aguardar o João me convocar, se ele precisar. Da outra vez, para governador, ele me ligou e pediu que eu estivesse junto a ele. Vou aguardar, não vou pressioná-lo a nada nem pedir nada. Eu estou aqui."

O deputado nega, contudo, estar chateado. "Não é isso. Quero deixá-lo à vontade em relação a como ele vai desenhar isso na cabeça dele. Falo com o João Doria todo dia, às vezes mais do que eu falo com a minha esposa."