RECIFE, PE (FOLHAPRESS) - O ex-governador Geraldo Alckmin (ex-PSDB) acertou nesta segunda-feira (7) a sua filiação ao PSB para ser candidato a vice-presidente na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Alckmin encaminhou a filiação em uma reunião em hotel de São Paulo com a participação do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, do prefeito do Recife, João Campos, do ex-governador Márcio França (SP) e do ex-prefeito de Campinas Jonas Donizete. O acerto da filiação foi revelado pelo portal G1.

No encontro, os integrantes do PSB discutiram a necessidade de formação de uma frente ampla contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) já no primeiro turno da eleição presidencial.

A cerimônia de filiação deverá acontecer até 20 de março. O mais provável é que aconteça em São Paulo. A ideia é que o ex-presidente Lula esteja presente. No ato de filiação, o PSB ainda quer ser o primeiro partido a anunciar oficialmente o apoio a Lula.

"Tivemos uma reunião muito boa pela manhã. Está praticamente selada a entrada dele para ser candidato a vice. Provavelmente haverá um evento à altura do novo filiado", disse Siqueira à reportagem.​

O prefeito do Recife, João Campos (PSB), um dos articuladores da chegada de Alckmin ao PSB, disse que a filiação do ex-governador paulista vai atender a um movimento nacional dentro do partido.

"Há um movimento nacional no partido de que o nome dele é muito bom para o PSB. Estamos num momento onde precisamos fazer alianças que demonstrem a amplitude do nosso campo e largueza política. No diálogo que está acontecendo entre o PSB e o PT, o nome dele seria um grande nome para cumprir essa tarefa", afirmou Campos.

"Naturalmente, quem decide o candidato a vice é o candidato à Presidência, mas o PSB tem essa disposição de fazer a filiação e poder apresentá-lo como alternativa. Precisamos buscar aquilo que nos une e não eventuais divergências que nos separem", acrescentou o prefeito do Recife.

As tratativas para a formação da chapa Lula-Alckmin foram reveladas pela coluna Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, em novembro do ano passado. No mês seguinte, a coluna também antecipou que a aliança para a formação da chapa já estava selada, embora ainda não tenha sido oficializada.

Segundo interlocutores, Lula já afirmou que, com o tucano de vice, poderia dormir tranquilo: Alckmin, que foi quatro vezes governador, teria experiência e estatura política. E não transformaria a vice em um centro de conspiração e sabotagem para desestabilizar o governo.

O ex-governador Geraldo Alckmin também havia recebido convites para se filiar a PV e Solidariedade com o objetivo de ser vice na aliança com Lula, mas acabou optando pelo PSB.

Agora, a expectativa no PT é que Lula oficialize sua pré-candidatura à Presidência. O encaminhamento da ida de Alckmin ao PSB é mais um passo nesse sentido.

A chegada de Alckmin à legenda pessebista não influenciará, de acordo com a cúpula do PSB, na discussão sobre uma possível federação envolvendo PT e PSB. As tratativas deverão ser retomadas nesta semana, mas as chances foram reduzidas, segundo membros dos dois partidos.

Mesmo com a federação emperrada, o apoio do PSB a Lula está cristalizado. Se o PSB não aderir à federação, o PT tem planos de se federar com PC do B e PV.

A provável chapa Lula e Alckmin enfrenta resistência de um grupo minoritário dentro do PT.

Reunidos na noite da última sexta-feira (4), dirigentes de correntes de esquerda do partido decidiram levar ao diretório nacional —principal instância do PT— sua objeção à escolha do ex-governador como vice na chapa do ex-presidente para a corrida presidencial.

Convidados a participar da reunião virtual, o deputado federal Rui Falcão (SP) e o ex-deputado José Genoíno —dois ex-presidentes da sigla— criticaram a trajetória política do ex-tucano. A reunião do diretório está programada para o dia 18 deste mês.

No encontro virtual, que chegou a reunir 342 pessoas, Falcão chamou de temerária a eventual escolha de Alckmin.

Escalado para integrar o conselho político de Lula, Falcão afirmou que, em São Paulo, ninguém desconhece Alckmin e que, em outros estados, já há uma noção pelo menos aproximada da devastação que foi a gestão tucana à frente do Palácio Bandeirantes.

A aproximação entre Lula e o ex-governador de São Paulo, com troca de elogios e um jantar público em meio às articulações para formem uma chapa nas eleições de 2022, é uma novidade na longa relação política entre os dois.

Alckmin comandou o governo paulista entre os anos de 2001 a 2006 e entre os anos 2011 a 2018, por quatro mandatos. Lula foi presidente do Brasil por dois mandatos, entre 2003 e 2010.

Com isso, eles conviveram institucionalmente por quase quatro anos. Os dois também disputaram as eleições de 2006, vencida pelo petista em um segundo turno contra, justamente, o ex-tucano.

Mesmo antes do período eleitoral daquele pleito, a troca de declarações entre os dois foi pautada mais por rusgas e ataques do que pelos elogios que agora eles fazem, reciprocamente, em público.