RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Com um lance de R$ 2,2 bilhões, o Grupo Águas do Brasil venceu nesta quarta-feira (29) leilão pelo último bloco de concessões de saneamento no Rio de Janeiro. O valor pago representou um ágio de 90% em relação à oferta mínima prevista em edital, de R$ 1,16 bilhão.

Com o leilão, o governo do Rio conclui o processo de concessão dos serviços de água e esgoto no estado, que já teve outros três blocos licitados em abril. Ao todo, as empresas vencedoras se comprometeram a pagar R$ 24,9 bilhões em outorgas.

Chamado de bloco 3, o bloco licitado nesta quarta chegou a ser oferecido no leilão de abril, mas não teve interessados. Envolve o atendimento a 2,7 milhões de pessoas na zona oeste da capital e outros 20 municípios do estado e prevê investimentos de R$ 4,7 bilhões nos 35 anos de concessão.

O Grupo Águas do Brasil disputou a concorrência com a Aegea Saneamento, que chegou a apresentado proposta pelo bloco no primeiro leilão mas decidiu retirá-la depois de ganhar outros dois blocos, incluindo o maior deles, o bloco 4, que tem uma população de sete milhões de pessoas e investimentos previstos em R$ 16 bilhões.

Para especialistas, o pouco interesse no primeiro leilão indicava dúvidas sobre as operações em uma área que hoje já possui uma PPP (parceria público-privada) para a prestação do serviço. A zona oeste do Rio é ainda uma área com forte presença de milícias.

Para esta segunda tentativa, o governo do Rio conseguiu incluir mais 14 municípios no pacote oferecido ao mercado. A vencedora do leilão desta quarta é a operadora da PPP, em parceria com a BRK Ambiental.

Maior vencedora do primeiro leilão, a Aegea pagou R$ 15,4 bilhões pelo direito de prestar o serviço a quase 10 milhões de pessoas da capital e do interior. A outra vencedora foi a Iguá Saneamento, que pagou R$ 7,3 bilhões por uma área de 1,2 milhão de habitantes.

A transferência à iniciativa privada de áreas que eram atendidas pela Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto) foi o maior processo de concessões de saneamento do país, envolvendo o atendimento de 13,7 milhões de pessoas e investimentos de R$ 32 bilhões.

O primeiro leilão da Cedae contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL), que encerrou o evento com a tradicional batida de martelo ao lado dos ministros Paulo Guedes (Economia), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e do filho senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

"Esse é um momento que marca a nossa história, a nossa economia. Um governo voltado para a liberdade de mercado, na confiança dos investidores e na crença de que o Brasil pode ser diferente", disse o presidente.

O dinheiro arrecadado na primeira oferta levou o governador Cláudio Castro (PL) a lançar um pacote de investimentos de R$ 17 bilhões, que compreende desde projetos de infraestrutura, como a recuperação de estradas e um metrô de superfície, até a construção de escolas e hospitais.